Desde a já célebre entrevista à VISÃO – em pose e discurso algo fanfarrona, diga-se – que António Costa não tem um dia bom. Sucederam-se casos, uns atrás dos outros, e, ao contrário do que ele argumentava na conversa com Mafalda Anjos e Filipe Luís nas páginas desta revista, desta vez não foi a “central de produção de soundbites da direita” a “inventá-los”, mas o PS e o seu Governo a revelarem, à saciedade, uma estranha inabilidade para gerir o conforto da maioria absoluta ou, pior ainda, a deixar-se contagiar por uma certa tendência nacional-futebolística para o abismo quando tudo parece correr de feição.
Ontem, na sequência do caso da polémica indemnização da TAP a Alexandra Reis ( que já deu origem a abertura de um inquérito pelo Ministério Público) e da demissão de Pedro Nuno Santos, o primeiro-ministro fechou-se ainda mais em casa com os seus, como se estivesse entrincheirado (ou então a capacidade de recrutamento já não chega para ir ao “mercado”): escolheu João Galamba para a pasta das Infraestruturas e Marina Gonçalves para a Habitação. No primeiro caso, trata-se de alguém que já deu mostras de conviver bem com o faroeste e o cheiro a enxofre da política. No segundo, é a oportunidade de Marina, a mais jovem ministra da história democrática, provar que Caminha pode dar mais ao Governo do que uma história mal contada de dois amigos e de um pavilhão inexistente.