Aquele breve discurso, a 21 de novembro, fez soar as campainhas na cabeça de alguns. Não tanto pelos argumentos, já de si polémicos, mas sobretudo pela forma quase panfletária com que os pronunciou.
Um dia após o início do Mundial de Futebol, em pleno hemiciclo, a vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, elogiou então o Qatar pelas “reformas que inspiram o mundo árabe” e só lhe faltou erguer uma bandeira ao país e à própria FIFA numa altura em que ambos tinham o dedo do mundo apontado aos crimes e graves violações de direitos humanos para que o evento futebolístico tivesse lugar no emirado: “O Qatar é a prova de como a diplomacia do desporto pode conseguir uma transformação histórica de um país com reformas que inspiram o mundo árabe”, disse então a eurodeputada socialista grega. “Eu própria digo que o Qatar é líder nos direitos laborais”, insistiu, sem se deter e para espanto geral dos eurodeputados. “Apesar dos desafios, que levam até as empresas europeias a negar-se a aplicar essas leis, eles estão comprometidos com uma visão por opção e estão abertos ao mundo.”