Avenidas transformadas em rios, casas transformadas em tanques, garagens transformadas em piscinas. Em meia dúzia de horas, Lisboa transformou-se numa espécie de Veneza dos pobres em que para além dos mais de mil incidentes reportados, um deles seria suficiente para abrir todos os telejornais do dia seguinte e indignar-nos como nunca antes: a morte de uma pessoa, por afogamento, dentro da sua própria casa. Uma habitação situada numa cave, em Algés, que foi subitamente alagada, tendo a mulher de 55 anos perdido a vida.
É certo que este foi um fenómeno extremo, – e expectável, com o IPMA a fazer vários alertas durante o dia – mas também é certo que há décadas que falham medidas estruturais que minimizem tragédias como as que se sucederam nas últimas 48 horas. E ainda mais certo é que estes fenómenos extremos vão tornar-se a normalidade, segundo os especialistas que, não raras vezes, têm avisado as autoridades para o estado da nação.