Há uns anos, foi com grande entusiasmo que se apostou na ideia de “jornalismo cidadão” ou “cidadão jornalista”. Com a velocidade e facilidade proporcionada pelas novas tecnologias de comunicação, a ideia parecia sedutora: cada um podia ser, à sua escala, testemunha e transmissor de notícias. Qualquer acontecimento com valor para a comunidade seria descrito, fotografado, filmado pelo cidadão que estivesse mais à mão. As televisões adoravam mostrar imagens de inundações ou insólitas obras nunca terminadas em programas de “jornalismo cidadão”. Não passou muito tempo até que se percebesse que a ideia não era assim tão boa… São as regras e os códigos (mormente o deontológico) que fazem do jornalismo o que ele é, ou deve ser, nas sociedades democráticas. Essa prática, pouco ou nada escrutinável, prestava-se a todos os abusos, manipulações e imprecisões. Não tardou a que aparecessem, até, umas plataformas online onde toda a gente podia escrever as suas notícias/reportagens/artigos de opinião com a aparência formal de conteúdos de órgãos de comunicação social. Se, de início, o objetivo foi sobretudo humorístico (do género “não aconteceu mas podia ter acontecido, lol!”), rapidamente a coisa descambou, como sabemos: proliferação de notícias falsas, desinformação, muito ruído online…
O “cidadão jornalista” parece, pois, uma má ideia do passado, tão absurda como o “cidadão médico” ou o “cidadão mineiro”. Parece? Não a todos.
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