O melhor é começar já por pedir desculpa aos mais sensíveis pela comparação. O que podem ter em comum Donald Trump e Cristiano Ronaldo? Muito pouco. Mas além de terem uma conta bancária bem recheada, encontram-se ambos numa fase muito peculiar das suas carreiras.
Quando, em 2015, Donald Trump declarou que se apresentaria como candidato às primárias do Partido Republicano o assunto parecia mais merecedor, na imprensa, das secções de fait divers do que das sérias páginas de política internacional. Poucos acreditavam que fosse possível que aquele excêntrico magnata do imobiliário pudesse, um dia, ser presidente dos EUA. Mas foi. E esta semana anunciou que quer voltar a ser. A racionalidade política aconselhava alguns cuidados e ponderação – palavras que não têm muita importância no dicionário pessoal de Trump. Todos temos na cabeça as imagens do gravíssimo episódio da invasão ao Capitólio a 6 de janeiro do ano passado e é difícil ao ex-presidente, depois de tudo o que vimos e da investigação em curso (que já o intimou a prestar declarações), demarcar-se desses acontecimentos. Recentemente o ex-vice-presidente, Mike Pence, acusou mesmo Trump de ter posto a sua segurança, e da sua família, em perigo nesse dia. A prometida “onda vermelha” anunciada nas midterms não aconteceu e muitos candidatos pessoalmente escolhidos e apoiados por Trump não venceram ( a última grande derrota aconteceu no Arizona com a ex-apresentadora de televisão Kari Lake a falhar a eleição para governadora). Nesta semana foi anunciada uma queixa contra Trump por violar a lei federal de financiamento de campanhas eleitorais… Todo um cocktail de razões que desaconselham um grande partido a apoiar este candidato. Mas o que faz Donald Trump? Uma arriscada fuga em frente, típica de uma personalidade egóica que não sabe lidar com a simples ideia de derrota, de ser visto como um loser