O País vive um paradoxo político: parece que é mais difícil governar com maioria absoluta do que numa coligação parlamentar, ainda por cima com o nome de “geringonça”. O governo não toma decisões, limitando-se a encolher os ombros e a descrever tudo como um “problema estrutural”, como se fosse um executivo em gestão e não no exercício de funções plenas. Através do governo, ficamos a saber que o País está mergulhado em vários “problemas estruturais”, uma fatalidade para a qual não há soluções. É aguentar, diz-nos o primeiro-ministro.
Os incêndios regressaram em força, mostrando as habituais debilidade na prevenção e no combate. Em vez de exigência, a oposição contentou-se com a narrativa das alterações climáticas, como justificação para a tragédia, narrativa essa que terminou com um (infeliz) conselho de António Costa às populações mais afetadas: Habituem-se, é a vida. Ou, nas palavras do primeiro-ministro, trata-se de um “problema estrutural”.
O Serviço Nacional de Saúde está mergulhado num caos, sobretudo no que diz respeito à prestação de cuidados de obstetrícia. “Problema estrutural” foi também a expressão utilizada pelo primeiro-ministro para descrever a situação, ainda que, no último debate do estado da Nação, tenha pedido “cautela” com as palavras. Também neste aspecto, há que reconhecer, a oposição mantém-se coerente: dorme.
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