Em 1990, a consultora Gallup revelou que 78 por cento dos habitantes dos Estados Unidos da América eram favoráveis a medidas restritivas à aquisição e porte de armas de fogo. Em novembro de 2021, por incrível que pareça, já só 52% manifestavam a mesma opinião. Isto é, de pouco ou nada serviu terem passado mais de três décadas em que praticamente um milhão de pessoas perderam a vida com armas de fogo.
A morte de 19 crianças e dois adultos numa escola primária em Uvalde, no Texas, pode reabrir a polémica sobre como se deve combater a violência mas dificilmente permitirá quaisquer alterações legislativas que belisquem a sacrossanta Segunda Emenda da Constituição, aprovada em 1791, que consagrou o direito à legítima defesa através de pistolas, espingardas e afins.
Os EUA tornaram-se um país disfuncional, com mais armas (400 milhões) do que habitantes (331 milhões), em que a lógica dos interesses é cada vez menos consentânea com o interesse geral. Entre hoje e domingo, a cidade de Houston, a capital texana, vai acolher a Convenção Anual da National Rifle Association (NRA), a mais conhecida e influente organização pró-armas da América. Fundada há 150 anos, conta com cinco milhões de militantes, é uma entidade sem fins lucrativos, está isenta de pagar impostos e tem o mesmo gestor executivo, Wayne La Pierre, desde 1991. Este senhor vive (luxuosamente) e comporta-se (impunemente) segundo uma máxima simples e intemporal: “A única forma de parar uma má pessoa com uma arma é uma boa pessoa com uma arma”. Daí que ele e os seus amigos defendam que a melhor forma de evitar massacres como o desta semana é ter polícias, professores e auxiliares armados até aos dentes em cada estabelecimento de ensino no país.
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