Quando o Presidente da República faz um discurso solene à nação, normalmente a nação para para ouvir, porque de lá vêm sempre meia dúzia de avisos e recados políticos, análises e mensagens sobre o estado das coisas que importa reter. Palavras sobretudo dirigidas aos membros do Governo e do Parlamento. É assim na mensagem de ano novo, no discurso do 25 de abril, na abertura do ano judicial e, como sempre, no discurso do 5 de Outubro. Este ano não foi exceção.
Marcelo Rebelo de Sousa falou olhos nos olhos com António Costa e deixou clara a mensagem fundamental para este ano: vivemos uma oportunidade de ouro para o País que não pode ser desperdiçada. “Uma ocasião única e irrepetível de reconstruir destinos, refazer esperanças e renovar sonhos“. Sem falar da bazuca, entrou com ela na sala e mostrou que vai estar bem atento à forma como será gasta. Há “num novo ciclo económico do clima, energia, digital, ciência, tecnologia e renovado tecido produtivo”, meios que devem ser “usados com rigor, eficácia e transparência”.