Luzes, câmara, ação. Ou, pelo menos, era o que deveria ter acontecido, mas estamos a falar de sexo, e os corpos nem sempre obedecem ao desejo. Nos arredores de Lisboa, Filipa BigButt e o parceiro de gravação estão transformados nas personagens de empregada doméstica e patrão, um clássico da pornografia. Preparavam-se para iniciar uma cena escaldante no sofá da sala de Filipa, não fosse o material de trabalho ter “dificuldades de concentração”. “É do cansaço”, afirma a atriz. Não é para menos: afinal de contas, estão há duas horas a explorar as mais versáteis acrobacias nas diferentes divisões da casa.
Do disfarce de patrão já não há qualquer sinal – há horas que o ator se encontra como veio ao mundo. Por seu lado, Filipa é fiel à personagem: mantém a bandolete e o vestido transparente, que deixa tudo à vista. Encostado a um canto da sala está o realizador, membro da equipa de filmagens presente no local. Pedro Rain (nome artístico) espera pacientemente que as carícias insistentes de Filipa façam “renascer” o desejo do colega. Entretanto, o realizador distrai-se a mexer no telemóvel, indiferente à cena que tem à sua frente. É mais um dia de trabalho.