Duas semanas após declarar um Chihuahua norte-americano de 23 anos o cão mais velho do mundo, o Guinness World Records viu-se obrigado a atualizar o recorde: afinal, o cão mais antigo do planeta é um Rafeiro do Alentejo nascido e criado em Conqueiros, uma aldeia do distrito de Leiria, desde há mais de 30 anos.
Bobi, assim se chama, foi registado em 1992 no serviço médico-veterinário do município de Leiria, que confirmou que o animal tinha 30 anos e 266 dias a 1 de fevereiro de 2023, a data em que passou a constar do livro dos recordes. O cão está igualmente registado no Sistema de Informação de Animais de Companhia português.
Leonel Costa, hoje com 38 anos, foi sempre o seu dono. Tinha 8 quando o “adotou”, à revelia do pai, que era caçador e se desfez da ninhada da qual fazia parte Bobi, nascida junto de um armazém de madeira. Por sorte, o cachorro conseguiu escapar, e Leonel e os irmãos passaram a cuidar dele, em segredo, até ele começar a abrir os olhos, uns dias depois.
Nessa altura, contou Leonel ao Guinness World Records, nem o pai nem a mãe se atreveram a livrar-se de Bobi, que assim se juntou aos muitos cães da família. Até hoje. “Uma história milagrosa”, escreve o Guinness, de um animal que parecia “condenado à nascença”.
“Confesso que, quando eles descobriram que nós sabíamos, gritaram muito connosco e castigaram-nos, mas valeu a pena porque o fizemos por um bom motivo”, recorda Leonel, sobre o momento em que ele e os irmãos foram desmascarados pelos pais.
Três décadas depois, o tutor atribui a longevidade de Bobi ao “ambiente calmo e pacífico” em que vive, “longe das grandes cidades” e sempre sem trela ou correntes, com muita Natureza para explorar à volta de casa, se bem que, com a idade, o velho companheiro de quatro patas passa agora mais tempo no quintal, na companhia de outros cães e também de gatos. A alimentação, essa, sempre foi a comida servida aos humanos lá de casa.
Em maio, Bobi completa 31 anos. Segundo o Guinness, também já é o cão mais velho desde que há registos. O anterior recorde pertencia a Bluey, que viveu na Austrália entre 1910 e 1939.
