Quem ainda não se queixou da humidade neste inverno que atire a primeira pedra a este texto. Pois quem o fez tem muita razão para maldizer a roupa que não seca ou as marcas de bolor que grassam pelas paredes e objetos lá de casa. E a culpa é de um cocktail meteorológico atípico.
Já se sabe que o dezembro foi o mais quente dos últimos 92 anos, com uma média de temperatura máxima de 12,72 graus, o que representa 2,76 graus acima do que seria expectável, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Além disso, as mínimas também não baixaram assim tanto, ficando-se, em média, pelos 9,58 graus, mais 3,53 do que se esperava para esta altura do ano.
Ao mesmo tempo, foi também um mês muito chuvoso, tendo o IPMA contabilizado um total de precipitação de 250,4 mililitros, correspondendo a 174% do valor normal (o mais alto desde 2000). Além da intensidade, houve diversos fenómenos extremos ao longo do mês que resultaram em inundações em diferentes locais do País.
A juntar a estes dois índices fora do comum, os níveis de humidade têm rondado os 90 a 100 por cento. Todas estas características, que propiciam aquela sensação de ter as casas sempre meio molhadas, continuam a verificar-se no que já temos de janeiro.
Mesmo em épocas em que a temperatura ajuda a libertar-nos deste mal-estar, as casas de banho e a cozinha são sempre as zonas mais críticas. O vapor que se liberta com os banhos e os tachos ao lume é o principal culpado nestas divisões. A respiração, os animais, as plantas e alguns eletrodomésticos, como a máquina de secar ou o ferro de engomar, também fazem aumentar a humidade no ar.
A madeira é muito sensível à humidade, por ser “um material higroscópico com a capacidade de absorver água. Logo, as elevadas percentagens de humidade relativa do ar levam ao aumento do teor de água na madeira, que por sua vez pode levar à sua deterioração”, lê-se no site da Deco proteste.
A Defesa do Consumidor avisa ainda que, “em excesso, a humidade é desconfortável, além de favorecer a corrosão e outros danos nos materiais, sem falar do tão desagradável cheiro a mofo. A somar a tudo isto, a humidade pode ser prejudicial para a saúde, devido ao desenvolvimento de fungos e ácaros, que propiciam infeções respiratórias, alergias e asma em indivíduos sensíveis.”
A batalha contra a humidade é inglória?
Existem várias dicas para lutar contra esta realidade e tentar atingir o nível ideal em casa, que se situa entre os 40 e 60 por cento. Experimente, mas não se garante eficácia máxima, já que o adversário é resistente.
- Arejar a casa, abrindo janelas pelo menos durante meia hora, mesmo que esteja a chover;
- Verificar se o problema é estrutural, consertando alguma irregularidade a do edifício;
- Manter a casa a 18-22ºC;
- Nunca trazer coisas molhadas para dentro;
- O aquecimento deve estar abaixo dos 20 graus para evitar a condensação devido à diferença de temperatura entre o interior e o exterior;
- Usar radiadores sempre em paredes interiores;
- Optar por um desumidificador nas divisões mais difíceis;
- Na cozinha, tapar tachos e panelas e ligar o exaustor;
- Ao tomar banho, fechar a porta para que a humidade não circule pela casa. Se houver janelas, abri-las quando acabar;
- Evitar secar a roupa dentro de casa;
- Se tiver mesmo de ser, ventilar a divisão para impedir que os vidros embaciem, se formem gotas de água nas paredes e surjam fungos;
- Colocar saquinhos de sílica, peças em gesso ou discos de cedro nas gavetas;
- Usar, em alternativa, sacos com grãos de café, sal grosso ou bicarbonato de sódio;
- Deixar as portas dos roupeiros abertas para circular o ar. Deve existir espaço entre os cabides;
- Evitar utilizar tapetes ou alcatifa nos locais mais húmidos, como casas-de-banho, cozinhas ou caves;
- Aplicar verniz em objetos de madeira crua, para impermeabilizar e evitar que se crie bolor na superfície