Cheira a carne guisada e a esgoto no Bairro da Jamaica, herança da falência de uma empresa construtora nos anos 90, onde 170 famílias ainda vivem. Eram para cima de 230 no tempo em que as vozes de Bonga e de Cesária saíam do rádio o dia todo e o bairro, situado em Vale de Chícharos, Fogueteiro, Seixal, “tinha outra vida e outro significado”. A pandemia obrigou os filhos do bairro a abafar a música, a fechar negócios e a viver de costas voltadas. “Até que a vida se perdeu”, depois de 20 anos com promessas de casas novas que nunca chegaram.
São outras vítimas da especulação imobiliária, “que vende o sonho de um T2 a 900 euros por mês” e trava os planos para comprar 170 casas, ou construir um novo bairro social. As datas dos realojamentos vão sendo esticadas, de 2019 para 2022 e daqui para 2026, 2027, “com discursos repetidos de cada vez que aparece dinheiro novo da CEE”, acusam os moradores.