“Não conhecemos todo o nosso potencial enquanto seres humanos sem amar.” A frase, suportada em evidências científicas, pertence a Stephanie Cacioppo, a neurocientista norte-americana que passou os últimos 15 anos a estudar o comportamento do cérebro de pessoas apaixonadas.
Entre as conclusões do seu extenso trabalho no domínio do amor, estão vários benefícios para a saúde de quem experimenta este sentimento. A saber: dormir melhor, tendência para ter um sistema imunitário mais forte e para recuperar melhor de doenças (num largo espectro que pode ir de uma gripe ao cancro), melhorar a pressão arterial, aumentar a criatividade e a velocidade de raciocínio, tornar a memória mais robusta e promover a perspicácia para antecipar as ações dos outros.
“O cérebro tem o objetivo de viver o mais tempo possível, por isso está sempre a tentar poupar energia. É por essa razão que estar com alguém que se ama pode ajudar a um melhor desempenho e a pensar mais depressa”, explica Stephanie Cacioppo, em entrevista ao jornal britânico The Times. “A maioria destes benefícios são subconscientes”, acrescenta a diretora do laboratório de dinâmicas do cérebro da Universidade de Chicago.
Segundo ela, muitos casais devem conhecer os mecanismos de funcionamento da nossa massa cinzenta para lidarem melhor com certas fases da relação, nomeadamente quando, ao fim de uns anos, a paixão dá lugar ao amor. Muitas vezes, essa fase coincide com o nascimento do primeiro filho e não é de estranhar que apareçam sensações contraditórias, de algum “desligar” do casal.
“Se as pessoas sentem que estão a afastar-se, pode ajudar saberem um pouco sobre o cérebro. O que estão a experimentar não é necessariamente culpa delas, há razões biológicas para isso. Se puserem a culpa de lado e descontraírem sobre a relação, talvez descubram que o amor que as ligou ainda continua lá”, sugere a especialista, conhecida como “doutora amor”.
Quando decidiu começar a estudar os neurónios envolvidos neste sentimento e o seu impacto na saúde, os seus colegas chegaram a dizer-lhe que iria arruinar a carreira. Mas ela não se demoveu e, para a primeira investigação, andou a colar cartazes em busca de cobaias. Diziam: “Procuram-se mulheres apaixonadas.”
Por contraponto à atividade cerebral gerada em pessoas que amam, Stephanie Cacioppo afirma que a resposta de quem não vive com o sentimento ativa as mesmas áreas do cérebro ligadas à privação, como a da fome ou da sede.