Um novo estudo conclui que houve um aumento das mortes relacionadas com o álcool durante a pandemia de Covid-19. Depois de analisarem dados de cidadãos norte-americanos, os investigadores garantem que o número mortes relacionadas ao álcool aumentou vertiginosamente durante o primeiro ano da pandemia, à medida que as rotinas foram alteradas, as redes de apoio desgastadas e os tratamentos adiados.
Numa fase anterior, já existiam estudos que comprovavam que a população em geral, durante o confinamento, consumiu mais álcool para lidar melhor com a sua envolvência, mas este estudo vem aprofundar a questão: o número de mortes relacionadas com o álcool, incluindo devido a doenças hepáticas e acidentes, disparou de 78927 em 2019 para 99017 em 2020, um aumento de 25%. O estudo conclui, também, que as mortes relacionadas com o álcool aumentaram nos homens e nas mulheres, assim como em todos os grupos étnicos e raciais. Quanto às faixas etárias, os maiores aumentos verificaram-se nos norte-americanos entre os 35 e os 44 anos – de 22,9 para 32,0 [39,7%] – e entre os 25 e os 34 anos – de 11,8 para 16,1 [37,0%].
“As mortes relacionadas com o álcool representaram 2,8% de todas as mortes em 2019 e 3,0% em 2020”, lê-se no relatório. “A suposição é que havia muitas pessoas que estavam em recuperação e tiveram acesso reduzido ao apoio naquela primavera, tiveram uma recaída”, refere Aaron White, um dos autores do relatório, citado pelo New York Times. “O stress é o principal fator na recaída. Houve grandes aumentos nos casos de ansiedade, assim como de depressão e incerteza”, relata. “É muita pressão sobre as pessoas que estão a tentar manter a recuperação.”
As vendas totais de álcool nos Estados Unidos em volume aumentaram 2,9% em 2020 em relação ao ano anterior, o maior aumento anual nas vendas desde 1968. “Estamos a entrar numa era em que estamos a falar mais sobre a promoção do bem-estar e na construção de pessoas resilientes”, afirma o autor. “Precisamos de ajudar as pessoas a viver vidas significativas e cheias de propósitos.”
O estudo, feito por investigadores do Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo, uma divisão dos Institutos Nacionais de Saúde, foi publicado recentemente no Jornal da Associação Médica Americana.