O tojo, assim como a giesta, são plantas típicas da Península Ibérica, nativas da Inglaterra. Mas é na Escócia que uma investigadora acredita que estas plantas podem produzir proteína suficiente para alimentar milhões de pessoas.
A sugestão vem da professora Wendy Russell, da Universidade de Aberdeen, na Escócia, que explica que o tojo contém 17% de proteína; já a giesta 21%. “O tojo e giesta, antigamente, eram dados ao gado quando as colheitas eram poucas e, por isso, achámos que a proteína deste tipo de plantas poderia ser usada como alimento. Se a proteína for produzida da maneira correta, para ser seguro consumir, pode ser considerada um alimento humano no futuro”.
A investigadora vai mais longe: como o tojo e a giestas estão a sempre a ser removidas dos locais onde se espalham, consumi-los era “obter proteína sem nenhum custo extra”. “Temos uma enorme quantidade de tojo em toda a Escócia e quando fizemos os cálculos, apenas pela limpeza ativa dos terrenos, há proteína de tojo suficiente para facilmente alimentar a população [da Escócia]”, afirmaou Russell, num evento do Science Media Center sobre as proteínas alternativas, onde se analisou os benefícios e desvantagens destas alternativas à carne e aos laticínios.
A Food Standards Agency (FSA) mostrou, no mesmo evento, um relatório onde garante que 60% das pessoas no Reino Unido estavam dispostas a experimentar alternativas à base de plantas para carne e laticínios. Um terço desta população estava também disposto a experimentar carne criada em laboratório e um quarto queria experimentar insetos comestíveis.
Segundo um estudo de 2019, a produção de gado ocupa 83% das terras agrícolas do mundo, mas produz apenas 18% de proteína. De 1950 a 2000, a população global duplicou, mas o consumo de carne aumentou cinco vezes, disse Russell. “Continuar esta tendência no futuro não é viável para o meio ambiente. Precisamos mesmo de mudar a nossa dieta”.
A Escócia tem pouca terra para cultivar, razão pela qual Russell examinou estas plantas invasoras. “Quando se isola a proteína do tojo, 57% da proteína total da folha pode ser recuperada com até 95% de pureza”, disse. “Estamos a usar cerca de 4,5 a 6 kg de CO 2 para produzir [um quilo de] proteína isolada, em comparação com uma média de 102 kg de CO 2 para a carne .”
A investigadora, que lidera o programa de investigação do governo escocês sobre sistemas e suplementos alimentares, refere ainda que “estas proteínas vegetais alternativas são muito saudáveis, ricas em proteínas, fibras e micronutrientes”.
Robin May, consultor científico da FSA, afirma, complementando as citações da investigadora, que “existe um enorme potencial para que estas novas proteínas tenham imensos benefícios em termos ambientais, nutricionais e acesso de uma população mais ampla. A nossa prioridade é fazer o possível para ajudar as empresas a colocar estes produtos novos e inovadores com segurança nas prateleiras o mais rápido possível”.