Durante anos, Pedro Choy promoveu e ensinou nos seus cursos que a medicina tradicional chinesa pode ser usada para realizar as chamadas terapias de conversão ou reorientação sexual – que se baseiam na ideia de que a homossexualidade pode e deve ser “curada”. Em várias ocasiões, o principal rosto da acupunctura em Portugal admitiu, perante centenas de alunos, ter executado, na primeira pessoa, um “tratamento” que “curou” um jovem homossexual de apenas 16 anos.
Foi no curso de Acupunctura e Fitoterapia Tradicional Chinesa, que decorreu, entre 2003 e 2008, simultaneamente em Lisboa, Porto e Coimbra, lecionado pela Associação Portuguesa de Acupunctura e Disciplinas Associadas (APA-DA) – uma das entidades por onde Choy passou como formador (hoje sem atividade conhecida) –, que o tema foi abordado pela primeira vez. Logo no início dessa formação, numa aula conjunta, que reuniu as três turmas e lotou o auditório da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, o terapeuta referiu que “a medicina chinesa considera a homossexualidade (do ponto de vista lógico) uma doença e (…) [que] tem tratamento”. Numa transcrição dessa aula, cedida pela escola aos alunos, a que a VISÃO teve acesso, lê-se que Choy esclareceu não ter “nada contra” pessoas com “este tipo de problemas”, mas insistiu que a homossexualidade “para nós [praticantes de medicina tradicional chinesa]” é “uma doença dos meridianos curiosos” – que, segundo a crença desta área, são canais para transportar energias (não existindo, porém, qualquer evidência científica da sua existência).