“Le temps des camélias” é o nome da obra da artista sul-coreana Myonghi Kang criada ao longo dos últimos 30 anos, entre Paris, França, e a Ilha Jeju, na Coreia do Sul. No final da década de 80, a artista começou a criá-la na capital francesa, onde vivia.
À CNN, Kang, de 74 anos, contou que ia acrescentando traços e formas florais à tela vertical, mas faltava sempre alguma coisa e a artista acabou por abandoná-la durante longos anos. Foi apenas em 2007 que Kang teve “coragem”, nas suas palavras, “de trabalhar nela novamente”. “Tinha muitas camélias no meu estúdio, por isso comecei a colocar todos os elementos que via à minha volta”, explicou a artista, que acabou por alterar a orientação da tela e criar uma paisagem horizontal.
Neste momento, a obra, que pretende representar não apenas as camélias, que observou há dez anos, mas também a passagem do tempo, está exposta na galeria de arte Villepin, em Hong Kong, depois de mais dez anos de trabalho nela na Coreia do Sul, assim como outros trabalhos da artista.
“Não ouso dizer que pinto o tempo, isso seria muito arrogante, mas o tempo está no que eu pinto”, afirmou Kang, que retrata, nas suas obras, toda a sua complexa relação com a natureza, além de tudo aquilo que vê ao seu redor, reunindo memórias e sensações. “A natureza é tudo. A natureza é gente, é uma cidade, é história…é uma ponte que permite o diálogo entre todas as coisas”.
A artista passa muito tempo a criar as suas obras de arte, embora a necessidade de as terminar também a atinja muito de repente, assim explicou. “Olho para as pinturas e sinto que não estão acabadas. Pode até ser difícil dormir”, referiu, acrescentando que, muitas vezes, tem a “sensação de que ainda não estão finalizados”. “Gostava de tomar uma bebida apenas e esquecer, mas não é possível”, remata.
À CNN, o responsável pela galeria Villepin, o francês Arthur de Villepin, referiu que aquilo que acha incrível no trabalho de Kang é a sua capacidade de “colocar vidas diferentes em momentos diferentes”. “Às vezes, as pinceladas são vívidas e bastante rápidas e representam uma certa parte da personalidade dela”, acrescentou ainda.