Divulgar a orientação sexual no local de trabalho ainda não é um ato que acontece muito no País. Num estudo recente, em Portugal apenas 33,49% dos profissionais inquiridos e 41% do universo da comunidade LGBTQI+ admitiram assumir a sua orientação sexual em contexto laboral, o que significa que 6 em cada 10 não partilha tal informação.
O estudo Diversity at Work 2021, desenvolvido pelo ManpowerGroup, representa a primeira edição da investigação e as conclusões colocam Portugal a meio da tabela europeia. Em Espanha, os valores são mais promissores, com 48% dos trabalhadores a sentirem abertura para assumir a orientação sexual, enquanto que na República Checa o valor ronda os 30%.
“Sendo hoje a Inclusão e a Diversidade pontos inalienáveis para as empresas, na definição da sua atuação corporativa e no bem-estar dos seus trabalhadores, este estudo dá voz às preocupações da comunidade LGBTQI+ e à sua experiência no seu local de trabalho”, explica Rui Teixeira, Chief Operations Officer do ManpowerGroup Portugal, num comunicado.
Uma conclusão interessante é que, quanto mais elevada for a posição na organização, maior é a disponibilidade para os funcionários assumirem que pertencem à comunidade LGBTQI+. Ou seja, cerca de 58% dos diretores LGBTIQ+ tem facilidade em assumir a sua sexualidade, enquanto que nos estagiários só 37,5% mostra essa disponibilidade.
Processo de recrutamento
De todos os inquiridos em Portugal, 51,98%, pertencentes ou não à comunidade LGBTQI+, acreditam ser mais benéfico para o candidato não revelar a orientação sexual. Já as respostas exclusivas dos membros da comunidade mostram que apenas 41,39% defende ser melhor manter a privacidade. Comparando com outros países, apenas a Itália ultrapassa Portugal, com cerca de 65% dos inquiridos a defender que a sexualidade não deve ser partilhada.
Para quem sente à vontade em partilhar a informação, 23% dos trabalhadores nacionais afirma já ter sido alvo de descriminação numa entrevista devido à sua orientação sexual, o que leva 35,98% dos entrevistados em Portugal a verificar as políticas LGBTQI+ da empresa durante a pesquisa de um emprego.
O dia a dia no local de trabalho
“O estudo conclui que mais de metade dos entrevistados nacionais – 59,52% -, dizem já ter assistido a comportamentos não inclusivos no seu local de trabalho, tais como piadas sobre a comunidade LGBTQI+”, lê-se no estudo. Tais valores mostram que as empresas precisam de continuar a promover a igualdade e a combater a descriminação, de forma a alcançar um ambiente mais inclusivo. Isto porque se verificou, com 62% da comunidade LGBTQI+ a afirmá-lo, que partilhar a orientação sexual com os pares torna os funcionários mais comprometidos e empreendedores.
Cerca de 80% de todos os inquiridos portugueses, e também os respondentes LGBTQI+ isoladamente, consideram que um ambiente de trabalho diverso é mais produtivo e 85,16% do total dos inquiridos diz que promove a inovação e melhores resultados para a empresa.
Contudo, a pandemia ainda veio dificultar mais a vida dos trabalhadores LGBTQI+, tanto em Portugal como globalmente, pois 30% e 39%, respetivamente, pensam que é mais difícil assumir a sua orientação num ambiente de teletrabalho.
No total, foram recebidas 4800 respostas que espelham a realidade de 14 países – Áustria, República Checa, Alemanha, Grécia, Hungria, Israel, Itália, Portugal, Roménia, Eslováquia, Espanha, Suíça, Turquia, e Reino Unido.