Pelo menos um milhão e 800 mil adultos portugueses nunca utilizaram a Internet. O número foi usado hoje pelo Governo enquanto lançava o programa “Eu Sou Digital”, que tem por objetivo erradicar a iliteracia digital. A ideia é que estes adultos possam dirigir-se a escolas ou juntas de freguesia, onde voluntários (serão 30 mil, no total) ensinam estes portugueses a usar a internet.
Os restantes, pelo contrário, estão ligados durante demasiado tempo. Pelo menos é o que diz um estudo da consultora Nielsen e da Dynata, intitulado Digital Consumer Survey Portugal 2021. Em média, os portugueses estão ligados durante 72 horas por semana. Pior: 93% confessa mesmo que vê televisão enquanto utiliza a internet em simultâneo num segundo ecrã, habitualmente o telemóvel.
A título de curiosidade, podemos recordar aqui que, de acordo com o Código do Trabalho, o horário semanal está fixado no limite de 40 horas. E se dormir oito horas por dia totaliza 56 horas por semana, um inquérito da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da Sociedade Portuguesa de Pneumologia mostra que quase 50% dos portugueses com idade superior a 25 anos dormem seis horas ou menos por dia.
Voltando ao consumo de internet, do tempo que passamos ligados, 13 horas semanais são dedicadas às redes sociais. Destas, o Facebook e o Instagram lideram as preferências, sendo que 23% deste tempo (três horas) é dedicado a ver publicações de influencers, sobretudo no Instagram.
Além das redes sociais, usamos a internet para ver vídeos em plataformas de streaming (15 horas semanais) e para ver televisão (14 horas por semana). O resto do tempo é dedicado à pesquisa de conteúdos, envio de mensagens, chamadas de vídeo e compras online.
O smartphone é o dispositivo preferido: 79% optam pelo telefone para fazer videochamadas e 77% para se entreter nas redes sociais. A mesmo percentagem dos que ligam o computador para ver os emails, sendo que 71% o usam para procurar informação. Já a smart TV é procurada principalmente para ver filmes.
Assim, não é estranhar que aumentem as notícias sobre o vício da internet, normalmente tendo como protagonistas os mais jovens. E que já exista um termo para designar a fobia resultante de não ter acesso à comunicação através de telemóvel ou computador: nomofobia.