O que é mais interessante nesta conferência, dizem os organizadores, além da possibilidade de diálogo entre os participantes e os stakeholders, é a variedade e abrangência dos temas. A 16 e 17 de setembro deste ano, no Hotel Ramada, em Lisboa, vários especialistas na área da canábis medicinal e os profissionais que nela trabalham, tanto a nível nacional como internacional, vão discutir pontos e trocar ideias sobre o tema, como o licenciamento, cultivo, produção, distribuição e comercialização no mercado nacional e europeu, assim como os requisitos regulamentares aplicáveis. As boas práticas também vão ser assunto, em conjunto com as medidas de segurança a ter com a planta e o respetivo sistema de qualidade.
Embora qualquer pessoa possa participar, o evento, organizado pelo LEF (Laboratório de Estudos Farmacêuticos) e a Stepwise, empresa de engenharia ligada à indústria farmacêutica, é direcionado a quem já esteja ou queira começar a trabalhar na indústria, nos seus vários setores, mas também aos farmacêuticos e profissionais de saúde. “Não estamos focados apenas no produto final e nas aplicações que vão ser feitas, estamos focados na indústria e no que é preciso para ter sucesso”, explica à VISÃO Aldo Vidinha, CEO da Stepwise Pharma & Engineering, acrescentando que, no final da conferência, vai haver uma sessão de perguntas e respostas para serem tiradas algumas dúvidas, partilhar experiências ou debater sobre as expetativas para o futuro.
Porquê agora?
“Este mercado está em fase de crescimento exponencial e estamos numa fase crítica para a maior parte destes operadores. Existem 11 empresas licenciadas, 40 empresas em diferentes estádios do processo, mas há, de facto, uma aposta muito grande no mercado da canábis medicinal”, refere Fátima Godinho Carvalho, Diretora Executiva do LEF. “Em Portugal, há várias empresas nacionais e internacionais, vários investidores, portanto, neste momento, achamos que este é um tema estratégico, até para Portugal, para nos ajudar a mitigar alguns efeitos desta pandemia”. complementa, esclarecendo que a conferência vai acontecer apenas em setembro porque, deste modo, poderá ser presencial.
Mas porque é que Portugal é um país tão atrativo para o negócio da canábis medicinal?
Existe um conjunto de fatores que fazem com que o País seja um excelente “palco” de desenvolvimento deste mercado, mas o que capta a atenção dos investidores é, principalmente, o clima, que possibilita uma utilização mínima de energia para manter as condições necessárias ao crescimento das plantas, tornando os custos de produção mais acessíveis. Os custos de mão-de-obra também são mais leves para os empregadores e a competência dos profissionais portugueses tem sido diferenciada, principalmente nas áreas de engenharia, farmácia e biomédica, explicam Aldo Vidinha e Fátima Godinho. O terreno também tem qualidade, o que é importante para o cultivo ao ar livre e a estabilidade e segurança no País também são pontos favoráveis e reconhecidos pelos investidores, porque fazem com que os riscos deste negócio, que envolve uma substância controlada e com um elevado valor ilícito, sejam mais baixos. Por último, Portugal tem abertura do poder local e central e uma regulamentação favorável, não pedindo quotas para o cultivo.
Além das entidades organizadoras, os participantes vão poder contatar diretamente com a PLMJ, uma sociedade de advogados que representa algumas das empresas que estão estabelecidas em Portugal, a Rangel Logistics Solutions, Clever Leaves, Holigen, CSCLife, que vai dar a conhecer a realidade alemã, e outras entidades, que deverão ser reveladas nos próximos dias.