Organizados em círculos desenhados no chão, não estavam mais do que 4500 peregrinos na procissão das velas, que decorreu a noite passada em Fátima. Longe, portanto, de esgotar a lotação de 6000 pessoas autorizada pela Direção-Geral da Saúde. A culpa, apontam os agentes políticos e económicos locais, é da pandemia. Para a presidente da associação empresarial de Ourém Fátima, Purificação Reis, que fez questão de frisar que muitos peregrinos acabaram por desistir nos últimos dias, o risco é o aumento do desemprego na região.
A peregrinação, que começou na noite de segunda-feira, 12, e assinala a última “aparição” de Nossa Senhora aos pastorinhos, em 1917, foi presidida pelo bispo de Setúbal e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, José Ornelas. Mas as palavras mais fortes vieram do bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto.
“Estamos a viver um novo momento de provação e escolha. Este vírus que nos apoquenta desde março, além de alterar os nossos hábitos, faz-nos refletir sobre o nosso testemunho, que ter de ser um grito contra a injustiça global”, disse. Ou seja, “não podemos ficar paralisados pelo medo”, prosseguiu, incitando a que o momento “nos ensine outro tipo de contágio, o contágio do amor”. E receando repetir no Natal o que aconteceu na Páscoa. “Depende de nós. É a nossa escolha”.