A Organização Mundial da Saúde já advertiu que o levantamento precoce das restrições impostas para combater a Covid-19 poderá levar a um “ressurgimento mortal” da pandemia, mas vários países europeus já anunciaram um alívio das restrições ou, pelo menos, revelaram o que tencionam fazer.
ÁUSTRIA
O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, anunciou na segunda-feira passada um roteiro para reativar a atividade económica que tem como primeiro ponto a reabertura dos pequenos estabelecimentos comerciais, com menos de 400 m2, a partir de 14 de abril.
A reabertura implica limites ao número de clientes que podem estar dentro do estabelecimento, uma pessoa por cada 20m2, medidas rigorosas de desinfeção e a obrigatoriedade do uso de máscara para clientes e trabalhadores.
Estabelecimentos comerciais maiores serão autorizados a abrir a 1 de maio, mas restaurantes, hotéis ou cabeleireiros só a partir de meados de maio, com cuidados especiais.
Os exames finais universitários e do ensino secundário serão realizados, mas as escolas permanecerão encerradas até meados de maio, em data que será anunciada no final de abril, e as universidades manterão as aulas à distância até ao final do ano letivo.
Grandes eventos públicos continuarão proibidos pelo menos até ao final de junho e não há data prevista para a reabertura de cinemas e teatros, piscinas, recintos desportivos e ginásios.
Mantém-se em vigor o apelo aos cidadãos para limitarem as deslocações ao estritamente necessário, como trabalhar, comprar alimentos ou prestar assistência a pessoas vulneráveis.
A partir da próxima semana, será obrigatório usar máscara nos transportes públicos e no interior das lojas, estando prevista uma multa de 50 euros para quem não respeitar a obrigação.
DINAMARCA
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, anunciou também na segunda-feira a reabertura progressiva de creches e escolas primárias a 15 de abril e as dos níveis de ensino seguintes, incluindo o secundário, a 10 de maio.
Os exames finais do secundário não se vão realizar, dependendo as classificações dos alunos da avaliação contínua.
Restaurantes, cafés, bares, cabeleireiros, casas de massagens, centros comerciais e discotecas continuam encerrados e as concentrações de mais de 10 pessoas proibidas.
Igrejas, bibliotecas e recintos desportivos permanecem fechados pelo menos até 10 de maio.
O encerramento de fronteiras também se mantém e as viagens ao estrangeiro desaconselhadas.
ESPANHA
Os trabalhadores em atividades não essenciais que não conseguem trabalhar em casa podem regressar às suas atividades laborais a partir de segunda-feira, 13 de abril.
Espanha, o segundo país da Europa com mais mortes, a seguir a Itália, prepara um plano para o pós-pandemia que passa por isolar as pessoas infetadas.
Segundo a ministra dos Negócios Estrangeiros, Arancha González Laya, para “erradicar o vírus” é precisa “uma estratégia mais diferenciada”, que passa por “abrir espaços” para os cidadãos que estão imunizados e “isolar os que têm o vírus, tenham ou não sintomas”, porque, com o confinamento em vigor há quatro semanas atualmente “o contágio ocorre em casa”.
Uma responsável da coordenação da resposta à pandemia do Ministério da Saúde espanhol, María José Sierra, já tinha anunciado o lançamento de um estudo para determinar a percentagem da população infetada e quantas pessoas estão imunizadas, “informação-chave” para uma distensão das restrições, prevista para dentro de “poucas semanas”.
O “estudo de seroprevalência” com teste de anticorpos vai ser realizado pelo Instituto de Saúde Carlos II, em colaboração com o Instituto Nacional de Estatística.
O uso generalizado de máscaras também está a ser considerado, segundo a responsável.
ITÁLIA
O ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza, anunciou um plano em preparação para um levantamento “gradual e controlado” das restrições, que as autoridades preveem para meados de maio.
O plano prevê um reforço das “redes de saúde locais” para triar os casos identificados para tratamento e testar amostras de população para determinar “quantos italianos foram infetados, se são imunes e como, quantos e em que zonas podem regressar a uma vida normal”.
Itália prevê também impor o uso de máscara generalizado, ditar um “distanciamento social escrupuloso” e afetar determinados hospitais para tratamento exclusivo da Covid-19, que se manterão abertos para a eventualidade de uma segunda vaga de infeções, para que outros hospitais possam voltar a dedicar-se aos outros doentes.
O Governo está também a considerar o desenvolvimento de uma aplicação de telemóvel para cartografar os movimentos dos doentes diagnosticados durante as 48 horasanteriores à infeção e também para facilitar a telemedicina, permitindo, por exemplo, controlar à distância o ritmo cardíaco e a taxa de oxigenação do sangue das pessoas infetadas.
Quando for possível retomar a atividade económica, os primeiros a retomar o funcionamento normal deverão ser as cadeias de abastecimento alimentar e farmacêutico, seguidos dos estabelecimentos de reparações, se bem que com limites ao número de pessoas atendidas.
Bares, restaurantes, discotecas e recintos desportivos serão os últimos a reabrir e, quando o puderem fazer, terão de assegurar uma distância de segurança de pelo menos um metro entre clientes e entre funcionários.
As pessoas que queiram regressar a Itália deverão fazer quarentena e apresentar à entrada do avião, comboio ou autocarro, uma declaração sob compromisso de honra indicando a morada onde vão respeitar a quarentena.
Os transportes públicos deverão manter uma lotação baixa, controlada por funcionários que controlarão a entrada de pessoas, a distância entre passageiros e a ocupação máxima de um lugar em cada dois.
NORUEGA
Erna Solberg, a primeira-ministra norueguesa, anunciou terça-feira um alívio progressivo das restrições a partir de 20 de abril, um dia depois de o ministro da Saúde, Bent Hoie, ter anunciado que a epidemia está “sob controlo” no país.
A partir de 20 de abril reabrem creches e consultórios de atividades como a fisioterapia ou a psicologia e é levantada a proibição de deslocações a casas de férias ou de fim de semana.
Numa segunda etapa, com início a 27 de abril, vão voltar a funcionar, parcialmente, os estabelecimentos escolares, incluindo universidades, assim como cabeleireiros e clínicas de massagens e tratamentos dermatológicos.
Mantêm-se em vigor a proibição de eventos culturais e desportivos, o fecho de fronteiras, as medidas de quarentena e autoisolamento, o teletrabalho sempre que é possível, e o encerramento de restaurantes, cafés e bares.
REPÚBLICA CHECA
O vice-primeiro-ministro checo, Karel Havlicek, anunciou a a atenuação gradual de algumas das medidas de contenção, encarada como “um teste”, segundo o ministro da Saúde, Adam Vojtech.
Desde a semana passada, as pessoas que pratiquem ciclismo, corrida ou outras atividades desportivas ao ar livre deixaram de ter a obrigação de usar máscara, imposta em março a todas as pessoas que circulem no espaço público.
Foram autorizadas a reabrir as lojas de jardinagem, ferramentas, materiais de construção e de bicicletas, desde que ofereçam desinfetante e luvas aos clientes e assegurem uma distância de segurança entre clientes e funcionários.
Até agora, apenas lojas de alimentos e farmácias podem funcionar no país.
O ministro adiantou que vai ser avaliada esta semana a reabertura de outras lojas após a Páscoa.
As concentrações de mais de 10 pessoas continuam proibidas.
As fonteiras vão manter-se encerradas, mas a partir de 14 de abril a proibição de viajar para o estrangeiro vai ser parcialmente levantada, passando a autorizar-se as viagens de negócios, por razões de saúde ou visitas a familiares, desde que os viajantes cumpram 14 dias de quarentena após o regresso ao país.