A Polícia Judiciária já terá identificado dois suspeitos da morte do jovem Luis Giovani dos Santos Rodrigues, que foi espancado à porta de um bar em Bragança, acabando por morrer 10 dias depois, na noite de 31 de dezembro, no Hospital de Santo António, no Porto.
A notícia desta morte criou, nos últimos dias, uma onda de revolta nas redes sociais. No Facebook, o grupo “Caloiros de Cabo Verde” convocou uma manifestação silenciosa para o Terreiro do Paço, em Lisboa, no próximo sábado, 11 de janeiro.
Luís Giovani tinha 21 anos e chegara a Portugal há cerca de dois meses para estudar Design de Jogos Digitais no Instituto Politécnico de Bragança, no pólo de Mirandela. Natural da ilha do Fogo, em Cabo-Verde, tocava piano na Igreja desde criança e tinha formado recentemente uma banda de música tradicional com outros dois amigos.
A notícia foi revelada pelo Jornal de Notícias, a 1 de janeiro, na sequência da morte do jovem, a 31 de dezembro, indicando que a investigação policial teria sido iniciada após a informação fornecida pelo hospital de Trás-os-Montes, devido aos ferimentos que o estudante apresentava. . O jornal Contacto, com sede no Luxemburgo, desenvolveu a história na passada sexta-feira, entrevistando familiares e amigos do jovem.
Os quatro jovens da ilha do Fogo estavam, segundo contou o primo Reinaldo Rodrigues ao jornal Contacto, a ter uma noite tranquila até que chegou à hora de ir embora. “Estavam na fila, à saída, para poder pagar. O Giovani estava a conversar com o amigo mais velho, no movimento de dar um passo para a frente, um passo para trás, um deles esbarrou numa menina.” Terá sido nesse momento que o “suposto namorado” da rapariga lhes terá dado um empurrão.
O segurança do bar conseguiu acalmar a escaramuça, os outros rapazes saíram e os amigos cabo-verdianos foram aconselhados a esperar um bocado dentro do estabelecimento, “para ser evitada mais confusão à porta”.
Os quatro amigos terão esperado cerca de 20 minutos dentro do bar. “Quando sairam, uns 300 metros à frente estavam cerca de 15 rapazes em três grupos armados com cintos, ferros e paus”, diz Reinaldo Rodrigues.
Todos os rapazes foram espancados e o episódio só terminou quando um deles deu uma pancada na cabeça de Giovani. “O barulho deve tê-los assustado”, conta o primo, porque pararam e fugiram.
O rapaz ainda andou alguns metros consciente, mas caiu pouco depois, inanimado. O INEM foi chamado ao local e levou-o para o hospital de Bragança – mas, dali, haveria de ser logo transferido para o Porto, devido à gravidade do traumatismo craniano que apresentava. Giovani não voltou a estar consciente nos 10 dias em que permaneceu internado, tendo vindo a morrer na noite de passagem de ano.
Não é ainda claro se a agressão teve motivações raciais.