Já sabemos que a luz azul, ou LED, dos nossos smartphones ou do ecrã do computador pode dificultar o sono e até prejudicar em a visão – aconteceu com ratinhos, é provável que se repita com humanos. Agora, um novo estudo da Universidade do Oregon, publicado na Nature, sugere que a exposição prolongada à luz azul pode estar a causar mais danos à nossa vida, como se a vida passasse por nós ainda mais depressa. Ou seja, faz-nos envelhecer.
No estudo, os investigadores analisaram o que aconteceu com as moscas da fruta que foram expostas a 12 horas de luz azul todos os dias. No fim, verificou-se que danificou as células dos olhos e as células cerebrais nas moscas, e também prejudicou a sua capacidade de se moverem em volta dos compartimentos. Resumindo, reduziu-lhes a vida, em comparação com moscas que viviam em absoluta escuridão ou com outras que foram expostas à luz azul com um filtro.
Foi um estudo que começou por acaso, contou à Fast Company Jaga Giebultowicz, professora de biologia do estado de Oregon, muito interessada nas questões do relógio biológico. “Pensamos que os ciclos de luz e escuridão eram bons para as moscas”, diz. “Foi quando constatámos que vivem mais tempo na escuridão constante. Depois, descobrimos que, perante diferentes comprimentos de onda de luz e cores diversas, o azul era mais prejudicial – muito semelhante à que emana de telemóveis, computadores e outros sistemas eletrónicos.
Até podemos achar que não temos muito em comum com as moscas, mas estudos anteriores em humano também analisaram os efeitos a curto prazo da exposição à luz azul. Um estudo de Harvard, por exemplo, descobriu que, quando as pessoas eram expostas a várias horas desta luz, suprimiam a produção de melatonina, a hormona que regula o sono, e tinham os ritmos diários alterados.
Um outro estudo, muito semelhante, desenvolvido na Universidade de Toronto, no Canadá, descobriu que, quando as pessoas usavam óculos que bloqueavam a luz azul, isso afetava os níveis de melatonina. Faltam, ainda assim, estudos de longo prazo em humanos – talvez, adiantam os autores em tom irónico, porque a nossa ligação a estes aparelhos de luz azul é um fenómeno relativamente novo.
É verdade que seria um desafio estudar os efeitos do LED ao longo da nossa vida, mas o estudo das moscas pode fornecer pistas sobre os possíveis efeitos a longo prazo. “As suas células funcionam da mesma forma”, nota Giebultowicz, a rematar que, após exposição a longo prazo, as células das moscas começaram a mostrar danos. “Os genes que protegem as células do stress são aumentados ou revelam-se muito ativos na luz azul”, diz ela. Daí que, se as moscas tiverem uma escolha, o mais certo é evitarem a luz azul.