Craig Mazin, o criador da série original da HBO, é conhecido pelo seu perfecionista e obsessão pelos detalhes como atacadores de sapatos ou telefones, e baseou-se em relatos em primeira mão dos sobreviventes para recriar autenticamente a União Soviética dos anos 1980. Mas a Rússia não concorda com a forma como foi contada a história do desastre nuclear que ocorreu em Chernobyl, em 1986 e prepara-se para estrear a sua própria versão.
A série a ser emitida pelo canal russo NTV, pretende recontar a história e irá incluir um espião da CIA que estaria presente na cidade ucraniana na altura dos acontecimentos.
Segundo a descrição do programa russo, o enredo gira em torno de um agente da CIA, enviado para Pripyat, cidade que servia a central nuclear de Chernobyl, para obter informações sobre a plantas da central, e o agente de contra-espionagem russo com a função de o identificar.
O produtor da série russa, Alexey Muradov, acredita que o programa “propõe uma visão alternativa sobre a tragédia em Pripyat” e que “vai contar aos espetadores aquilo que realmente aconteceu na altura”.
“Há uma teoria de que os americanos se infiltraram na central nuclear de Chernobyl e muitos historiadores não negam que no dia da explosão um agente dos serviços de inteligência do inimigo estava presente na estação”, contou Muradov ao jornal Komsomolskaya Pravda, o tabloide mais popular do país, que fez recentemente a manchete: “Chernobyl não mostrou a parte mais importante – a nossa vitória” e considera a série “uma caricatura”. Outro artigo do proeminente correspondente de guerra Dmitry Steshin no mesmo jornal afirmava que o programa foi filmado para sabotar as vendas de tecnologia de energia nuclear no exterior pela empresa estatal russa Rosatom.
Tanto a televisão estatal como os tabloides russos acusaram a série da HBO de parcialidade ao encobrir os atos heroicos dos trabalhadores de emergência soviéticos, os chamados “liquidatários”.
Leonid Bershidsky, jornalista do jornal Moscow Times considera que a série americana “apesar dos esforços” falhou na “autenticidade” e que o programa original deveria ter sido feito por um país da antiga União Soviética, uma vez que, “este tipo de sermão duro sobre a importância de ouvir os peritos e de dirigir um governo para o povo, e não para si próprio, deveria ter vindo de um dos países afetados. Esses países, aparentemente, não aprenderam a lição bem o suficiente para fazer um filme como este”.