Um terço das pessoas entre os 16 e os 44 anos passa um mês sem ter relações sexuais – e esse número está a crescer. Esta foi uma das conclusões de um estudo sobre hábitos sexuais dos britânicos, publicado esta semana no British Medical Journal, baseado num inquérito de 2012 a 34 mil pessoas.
Os resultados chegam semanas depois de um artigo do Washington Post que, ao analisar os resultados do Inquérito Social Geral, apontou no mesmo sentido: “A proporção de americanos adultos que disseram não ter relações sexuais há um ano atingiu o valor mais alto de sempre.” Segundo o jornal, 23% (praticamente uma em cada quatro pessoas) estavam celibatários há 12 meses ou mais.
No estudo britânico, os autores (da Escola Superior de Higiene e Medicina Tropical de Londres) sublinham que o número de adultos que admitem estar há um mês ou mais sem relações aumentou de um quarto para um terço, entre 2001 e 2012. No caso das mulheres, passou de 23% para 29,3%; no dos homens, de 26% para 29,2%. Menos de metade (41%) dos inquiridos dizem fazer sexo pelo menos uma vez por semana. Em média, as mulheres dos 35 aos 44 anos têm relações sexuais duas vezes por mês – uma década antes, a média era quatro vezes por mês. A média dos homens também caiu, mas, estranhamente, apenas de quatro para três vezes por mês. Só há duas hipóteses para a alegada maior atividade sexual dos homens: ou essa diferença é explicada pela comunidade gay, a compensar uma eventual falta de libido dos heterossexuais, ou os homens inquiridos exageraram, nas respostas que deram.
Ainda mantendo a tendência, o número de mulheres que disse ter feito sexo dez vezes ou mais no último mês desceu de 20,6% para 13,2%; os homens passaram de 20,2% para 14,4%. Esta descida atinge todas as classes etárias e estados civis. Mas a maior queda registou-se nos casais mais velhos – apesar de, mesmo assim, estes serem sexualmente mais ativos do que os solteiros e do que os jovens com menos de 25 anos.
Aparentemente, não é por falta de vontade que as pessoas têm menos momentos íntimos. Metade das mulheres e dois terços dos homens asseguraram que gostariam de ter uma vida sexual mais intensa. Os investigadores atribuem esta evolução negativa ao stress e ao ritmo das vidas modernas. “É interessante o facto de as pessoas mais afetadas serem as que estão a meio da vida- a chamada geração sanduíche”, disse o investigador principal do estudo, Kaye Wellings. “São homens e mulheres que muitas vezes fazem malabarismo com o trabalho, o cuidar das crianças e as responsabilidades para com os seus próprios pais, que estão a ficar mais velhos”.
Os dados americanos seguem na mesma direção, mas a especialista ouvida pelo Washington Post arrisca outra explicação: a tecnologia. “Hoje, há muito mais coisas para fazer às dez da noite do que havia há 20 anos. Vídeo em streaming, redes sociais, jogos de consolas, tudo”, diz Jean Twenge, professora de psicologia da Universidade de San Diego. A análise revela que a proporção de jovens adultos, dos 18 aos 29 anos, que não fizeram sexo nem uma única vez nos 12 meses anteriores mais do que duplicou.
Estes são alguns dos dados mais relevantes do estudo publicado no British Medical Journal:
. Homens e mulheres em melhor forma física e mental fazem sexo mais frequentemente
. Pessoas desempregadas ou com rendimentos mais baixos têm menos relações sexuais
. 29,3% das mulheres inquiridas (16 aos 44 anos) disseram que não faziam sexo há pelo menos um mês; no caso dos homens, 29,2%
. 41% das pessoas tiveram relações sexuais pelo menos uma vez por semana
. A média de relações sexuais é de duas vezes por mês para as mulheres e de três para os homens
. Menores de 25 anos ou solteiros têm uma atividade sexual mais pobre do que os outros
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