Foi no último mês que Juan Carlos Cruz esteve durante três dias no Vaticano, ao lado do Papa Francisco, com quem trocou várias ideias e desabafou sobre a sua vida pessoal. Em 2011, Fernando Karadima, o padre chileno que abusou sexualmente de Juan Carlos (e não só), durante vários anos, foi considerado culpado por abuso sexual, pelo Vaticano, e suspenso das suas funções de sacerdote.
A homossexualidade de Juan Carlos Cruz foi um dos temas discutidos pelos dois, e o Papa Francisco surpreendeu, uma vez mais, com a sua reação. “Sabes uma coisa? Isso não importa nada”, conta Juan Carlos, à CNN, a relatar as palavras do Papa Francisco. “Deus fez-te assim, Deus ama-te assim. O Papa ama-te assim e tu devias amar-te como és e não te preocupares com o que os outros dizem”, continua.
Estas palavras do Papa cortam, uma vez mais, com as ideias da Igreja Católica, que diz que a homossexualidade é uma “desordem” completamente contrária à Lei de Deus. A abertura do Papa Francisco relativamente à homossexualidade já tinha sido bem demonstrada depois da frase “Quem sou eu para julgar?”, que o mesmo proferiu, em julho de 2013, e repetiu várias vezes, nos meses e anos seguintes, a propósito da homossexualidade, mas não só. Esta expressão fez com que se cimentasse o ódio pelo Papa, com a união dos cardeais mais conservadores do Vaticano contra Francisco.
Na última sexta-feira, todos os bispos chilenos renunciaram ao Papa Francisco – 31 bispos no ativo e três reformado apresentaram, em comunicado, a sua renúncia – depois de uma conferência de emergência no Vaticano que durou três dias, com o objetivo de discutir o escândalo de abuso sexual no Chile.