Em meados de outubro, os astrónomos detetaram um objeto “incomum” a passar pelo nosso sistema solar e logo na altura, pelo seu “comportamento” suspeitaram estar perante algo inédito: a visita do primeiro “objeto interestrelar”.
Depois de um mês de observações, já se sabe mais algumas coisas sobre o “visitante”: Num artigo publicado na Nature, é descrito como um “asteroide vermelho e extremamente alongado”.
Batizado de Oumuamua, trata-se de um objeto rochoso, em forma de charuto, com cerca de 400 metros de comprimento (provavelmente 10 vezes mais comprido do que largo), o que o torna diferente de qualquer outro asteroide alguma visto no nosso sistema solar.
As observações feitas até agora sugerem que o invulgar objeto anda a vaguear pela Via Láctea sem ligação a qualquer sistema solar há centenas de milhões de anos.
“Durante décadas, teorizámos que existiam objetos assim e agora, pela primeira vez, temos provas diretas de que existem”, congratula-se Thomas Zurbuchen, da NASA.
O Oumuamua foi descoberto a 19 de outubro pelo telescópio Pan-STARRS 1 da Universidade do Havai. O investigador Rob Weryk foi o primeiro a identificá-lo e a perceber, depois de procurar nos arquivos de imagens do Pan-STARRS 1, que o objeto já tinha sido captado na noite anterior. E rapidamente percebeu também que este era um objeto incomum: “O seu movimento não podia ser explicado com nem com órbita de um asteroide normal do sistema solar nem com a de um cometa.”A 2 de setembro, o objeto passou dentro da órbita de Mercúrio e fez a sua maior aproximação ao sol a 9 de setembro. Impulsionado pela gravidade do Sol, inverteu a trajetória e passou por baixo da órbita da terra no dia 14 de outubro, a cerca de 24 milhões de quilómetros.
Imediatamente após a descoberta, os telescópios de todo o mundo entraram em ação para analisar o asteroide, permitindo perceber que o Oumuamua tem uma variação de brilho muito superior à de qualquer asteroide ou cometa conhecido, além de ser também o objeto mais alongado alguma vez detetado.
A 20 de novembro, o asteroide viajava a 38.3 Km/segundo e estava a 200 milhões de quilómetros da Terra. No dia 1 de novembro passou na órbita de Marte e passará pela de Júpiter em maio de 2018. Em janeiro de 2019 estará a passar por Saturno, a caminho de sair do nosso sistema solar, rumo à constelação de Pegasus.
Explica a NASA que os cálculos preliminares sugerem ainda que o Oumuamua veio da direção atual aproximada da estrela Vega, na constelação de Lyra.
O nome técnico do objeto é 1I/2017 U1, atribuído pela União Astronómica Internacional. O Oumuamua foi ideia da equipa do PAN-STARRS e é o havaiano para “mensageiro de longe que chega primeiro”