Lisboa é a 134ª cidade mais cara do mundo, entre as 209 que compõem o ranking do estudo global sobre o Custo de Vida da Mercer. Aumentou onze posições em relação ao ano passado, e continua a ser a única cidade portuguesa a integrar o estudo que mede o custo comparativo de mais de 200 itens em cada local, incluindo a habitação, transportes, alimentação, bens de uso doméstico e entretenimento.
A explicação para a capital portuguesa ter subido no ranking, prende-se essencialmente com o aumento do custo de alguns itens que pesam na ponderação como os valores de rendas, que com o aumento da procura, associado ao turismo, acabaram também por aumentar a nível nacional.
Lisboa pode ter ficado mais cara, mas os preços cá praticados continuam a ser baixos, comparando com a cidade mais cara do mundo. Por exemplo, se quiser arrendar um apartamento com dois quartos, sem mobília e, pelos padrões internacionais, num bairro apropriado tem que estar disposto a pagar 1500€ mensais. Parece um valor elevado, mas se comparar com os preços da cidade mais cara do mundo, ficará satisfeito com os 1500 euros. Arrendar um quarto com as mesmas características em Hong Kong custa, em média, 6134,55 euros. Se pensarmos num apartamento com mais um quarto, um T3, os preços em Lisboa sobem mil euros, mas em Hong Kong mais um quarto significa um aumento de mais de 4 mil euros no valor da renda, 10880,15€ é o preço de um apartamento com três quartos, sem mobília, por mês. No entretenimento, os preços também variam imenso. Se quiser ir ao cinema tem que pagar 12,75€, quase o dobro do que paga em Lisboa. Uma chávena de café, com serviço incluído, num estabelecimento de preço médio, custa 7€. Um litro de leite pasteurizado custa quase 4€. As únicas semelhanças encontraram-se nas refeições de fast food, um hambúrguer tem o preço médio de 5€ em Hong Kong, e 4.35€ em Lisboa.
Este estudo é um dos mais completos do mundo e é concebido para ajudar empresas multinacionais, governos e outras organizações a determinarem estratégias de compensação para os seus colaboradores expatriados. Nova Iorque é utilizada como cidade base, servindo de comparação para todas as cidades. Deste modo, os movimentos monetários são medidos em relação ao dólar americano.
Veja as restantes mudanças no ranking
Europa, Médio Oriente e África
Zurique e Genebra, ambas cidades suíças, são as únicas a integrar a lista das dez cidades mais caras. Berna deixou de fazer parte da lista devido ao enfraquecimento do franco suíço face ao dólar americano.
Outras cidades europeias, como Oslo, Moscovo, Londres e Birmingham, desceram significativamente no ranking em comparação com o ano passado, enquanto as cidades alemãs de Munique, Frankfurt e Dusseldorf subiram. “Mesmo com o aumento de preços nesta região, algumas moedas locais europeias enfraqueceram face ao dólar, o que as «empurrou» algumas posições para baixo do ranking”, explica Tiago Borges, responsável ibérico da área de estudos de mercardo da Mercer. “Além disso, outros fatores, como os recentes eventos de ameaça à segurança, a instabilidade social e preocupações quanto às perspetivas económicas tiveram um claro impacto nesta região”.
Algumas cidades da Europa Central e de Leste, como Kiev e Tirana, subiram no ranking.
Quanto ao Médio Oriente, a cidade israelita Tel Aviv continua a ser a cidade mais cara para expatriados, seguida do Dubai, Abu Dhabi e Beirute. Jeddah, na Arábia Saudita, subiu 30 lugares face ao ano passado, mas mesmo assim mantém o estatuto de cidade menos cara da região. “Várias cidades do Médio Oriente subiram no ranking graças ao declínio de outras regiões, assim como o aumento considerável do custo de alojamento para expatriados, particularmente em Abu Dhabi e Jeddah”, conclui Tiago Borges.
Luanda perdeu o estatuto de cidade mais cara do mundo e tem agora a medalha de prata. Ao todo, três cidades africanas fazem parte da lista das dez mais caras: Luanda, Kinshasa e N’Djamena. No mesmo continente encontra-se também a cidade menos cara a nível global, Windhoek, capital da Namíbia.
Américas
Apesar de não existir uma cidade norte-americana no top 10 da lista, no geral estas cidades subiram no ranking devido à força do dólar americano face a outras moedas e à queda de cidades de outras regiões. “Independentemente do fraco aumento de preços em geral, a maioria das cidades norte-americanas subiu no ranking, sobretudo devido à valorização do dólar”, explica Tiago Borges.
Nova Iorque integra o 11º lugar, mas foi Seattle, no estado de Washington, que deu o maior salto na tabela, passando do lugar 106 para o 83.
Ao contrário do que aconteceu na América do Norte, a maior parte das cidades da América Central e da América do Sul desceram significativamente. Mas, mesmo com uma queda de 22 lugares, Buenos Aires continua a ser a cidade mais cara da região.
Em relação ao Canadá, é mais barato viver em Vancouver, Toronto, Montreal ou Calgary do que em Lisboa.
Ásia-Pacífico
Existem cinco cidades asiáticas nas dez mais caras do mundo. A lista é liderada por Hong Kong e contém também Singapura, Tóquio, Xangai e Pequim.
“O fortalecimento do yen japonês «empurrou» as cidades nipónicas para cima no ranking”, comenta Tiago Borges. “No entanto, as cidades chinesas caíram no ranking devido ao enfraquecimento do yuan chinês face ao dólar americano”.
Banguecoque, Kuala Lumpur e Hanói são das cidades asiáticas que mais desceram na lista, embora seja a capital azeri, Baku, a registar a queda mais drástica no ranking, descendo mais de 100 lugares.
As cidades australianas verificaram algumas das mais acentuadas quedas no ranking deste ano, alimentadas pela depreciação da moeda local face ao dólar americano. Brisbane e Camberra desceram mais de 30 lugares, Melbourne desceu 24, e Sidney, a cidade australiana mais cara para os expatriados, registou uma queda de 11 lugares.
Primeiros 10 lugares
1. Hong Kong, Hong Kong
2. Luanda, Angola
3. Zurique, Suíça
4. Singapura, Singapura
5. Tóquio, Japão
6. Kinshasa, República Democrática do Congo
7. Xangai, China
8. Genebra, Suíça
9. N’Djamena, Chade
10. Pequim, China
Últimos 10 lugares
200. Lusaca, Zâmbia
201. Gaborone, Botswana
202. Karachi, Paquistão
203. Túnis, Tunísia
204. Minsk, Bielorrússia
205. Joanesburgo, África do Sul
206. Blantyre, Malawi
207. Bishkek, Quirguizistão
208. Cidade do Cabo, África do Sul
209. Windhoek, Namíbia
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