Desenvolvido por Hugo Gonçalo Oliveira, docente e investigador da Universidade de Coimbra, o PoeTryMe é um sistema informático inteligente capaz de gerar poemas de forma automática em alguns segundos.
Este “poeta artificial” apoia-se numa rede de palavras, relacionadas de acordo com os seus sentidos, e em padrões de versos, obtidos a partir da análise de textos escritos por humanos, para compor poesia com as mais diferentes configurações.
Para orientar o computador no momento de criação, é possível definir uma série de parâmetros tais como a forma poética (se deverá ser um soneto ou quadra, por exemplo),a carga sentimental (positiva ou negativa), e ainda um conjunto de “palavras semente”, palavras-chave que definam o domínio do poema.
Pode um computador superar um poeta? “É normal que uma máquina seja mais rápida a criar e surpreender do que o homem… já a qualidade da poesia, será sempre um fator subjetivo”, diz à VISÃO Hugo Gonçalo Oliveira.
No final da obra, o sistema ainda pode explicar a sua escolha de palavras, de acordo com a relação destas com as “palavras sementes”. O raciocínio pode ser racional, matemático, mas já dizia outro poeta, de carne e osso, “Sentir? Sinta quem lê!”
Desafiar a máquina
Enquanto membro da banda rock Fitacola, Hugo costumava questionar-se “até que ponto é possível uma máquina fazer uma tarefa criativa?”. Na composição de letras musicais, “desafiava a máquina, e a máquina desafiava-me a mim”, conta.
A Geração Automática de Poesia surgiu em 2000, mas ainda é pouco explorada no nosso país. Esta área de conhecimento está a crescer, enquanto projetos como este estudam como “programar uma máquina de forma a estimular uma parte humana, uma inteligência artificial”, conta Hugo.
O PoeTryMe é, de facto, um poeta inteligente, ainda que palavras homónimas possam confundir o sistema. “Se escolhermos a palavra ‘banco’, sem escolher a palavra dinheiro, é possível que obtenhamos um poema sobre mobiliário”.
Desenvolvido ao longo dos últimos três anos, o sistema pode ainda adaptar-se a outras línguas – já foi usado em castelhano, numa colaboração com investigadores da Universidade de Madrid, estabelecida no âmbito do projeto europeu PROSECCO, que visa promover a investigação em criatividade computacional.