OIÇA O DEPOIMENTO DE TERESA GUILHERME
OIÇA O DEPOIMENTO DE MIGUEL GUILHERME
Quem tem medo de fazer 50 anos? A data suscita respeito e até embaraço, a começar no dia da celebração. “Agora tenho 49,95 anos, acrescidos de imposto!”, dirão alguns, em jeito de brincadeira, na hora do brinde. E cuidarão de preencher o copo à medida, para que fique, à vista de todos – incluindo o próprio -, “meio cheio”. A resposta à pergunta imortalizada por Bob Dylan, na canção Blowin’ in the Wind, “quantas estradas precisará de percorrer um homem para que possam chamá-lo um homem?”, não está entregue ao vento. Os tempos mudaram mesmo, senhor Dylan.
Estamos a falar da Geração Baby Boomer, entrada na quinta década de vida. A tal que participou na revolução social, sexual e tecnológica, e protagonizou transformações estruturais no mercado de trabalho e na família. Para eles, os 50 não têm de ser vividos com a resignação ao sossego forçado da velhice, como, porventura, aconteceu com os seus pais. Provam-no os resultados de uma pesquisa dos economistas britânicos Blanchflower e Oswald, a partir de um inquérito a 500 mil americanos e europeus, sobre a perceção do grau de felicidade. Os investigadores obtiveram uma curva em forma de “U”, em que o ponto mais baixo ocorria aos 44 anos, voltando a subir aos 50, associada à sensação de bem-estar e satisfação com a vida. Conclusão: a partir da quinta década, ganha-se uma nova consciência de si e deseja-se surfar na crista da onda, sem os condicionamentos psicológicos dos anos anteriores.
Em Portugal, os cinquentões são mais de um milhão, e representam 13,2% da população (dados de 2010). Nascidos na década de 1960, eles foram recordistas do crescimento demográfico, que caiu progressivamente, desde então até hoje. Filhos da época que a série Conta-me Como Foi, da RTP 1, retrata, os mentores dos conceitos de bem-estar e de estilos fraturantes de vida mergulharam na mudança de regime político, a partir do 25 de abril de 1974, e fizeram outras revoluções. Hoje são uma fatia significativa dos frequentadores de ginásios e centros de estética, marcam presença nas redes sociais, namoram, embrenham-se em locais de diversão noturna, viajam, voltam a estudar e abraçam novos desafios profissionais e pessoais. No que parecem ter mais dificuldade é em explicar aos filhos – e netos – como sobreviveram sem telemóveis, sem computador nem banda larga ou até sem multibanco. Serão os 50 os novos 40?