João Cotrim de Figueiredo consultou o calendário da cobrança fiscal da Autoridade Tributária e chegou a um dia negro no mês de janeiro: o 20. “As entidades empregadoras têm de entregar a TSU [Taxa Social Única] dos seus empregados; as retenções do IRS têm de ser entregues hoje; o imposto de selo liquidado tem de ser hoje; a contribuição audiovisual tem de ser entregue hoje”. Por isso, acabado de sair dos estúdios da RTP, onde participou no debate das rádios, o líder da Iniciativa Liberal (IL) foi-se meter à porta da Autoridade Tributária – ou “extorsionária”, como considera mais adequado -, no número dez da Rua da Prata, em Lisboa, para falar com os jornalistas sobre o sistema fiscal português, defender um “desagravamento e a simplificação fiscal”.
A proposta liberal para uma taxa fixa de IRS de 15% sobre todos os rendimentos voltou a ser tema de conversa e o deputado único quis dizer que a medida “favorece toda a gente, exceto aqueles que já não a pagam e que continuarão sem pagar”. Quanto à criação de desigualdades, rejeitada por Cotrim de Figueiredo, lança o repto: “se alguém estiver disponível para dizer a partir de que salários as pessoas são consideradas ricas, estamos disponíveis para que a subida das taxas comece exatamente nesse valor”.
E como vai compensar a despenalização deste imposto? Através da “racionalização da despesa pública”, responde o líder da IL. “A despesa pública é de 40 e tal por cento do PIB, portanto, basta cortar 1%”, por exemplo, com a restituição das Parcerias Publico Privadas na Saúde, ou com as privatizações da Caixa Geral de Depósitos, da RTP e da TAP, nomeou.
Outro imposto que é para acabar é o de Selo, “que data do século XIX e hoje em dia tem muito pouca razão de existir. Na altura, o imposto de selo era uma garantia de que havia uma idoneidade da parte de quem contratava, hoje serve para quê? Para arrecadar imposto. Não corresponde a nenhum serviço do estado”, defendeu Cotrim de Figueiredo, antes de voltar a entrar no autocarro liberal, em que percorre o país, mas que, até ao quinto dia de campanha, tem rondado principalmente a Área Metropolitana de Lisboa, onde, em 2019, o partido conseguiu eleger Cotrim para o Parlamento.