Duarte Cordeiro assume que se do Conselho de Ministros de amanhã, quinta-feira, não sairá nenhuma medida cirúrgica para a região de Lisboa, já na próxima – e se a incidência da pandemia se mantiver nos números atuais – será inevitável um passo atrás no nível de desconfinamento.
“Na próxima semana, e se não for tomada nenhuma decisão de antecipação [para Lisboa], se se mantiverem os 240 casos por 100 mil habitantes, no Conselho de Ministros não haverá duvidas que terão de ser tomadas medidas quanto à redução do horário de funcionamento da restauração, dos cafés, do comércio em geral”, disse, no Irrevogável, programa de entrevista da VISÃO, esta quarta-feira, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e coordenador do Governo para a gestão da pandemia na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Segundo o governante, num momento em que “Lisboa já tem regras bastantes diferentes do resto do país”, “está mesmo previsto um retrocesso” no desconfinamento. “No ano passado, na região de Lisboa, quando tivemos um nível de incidência elevado, a redução do horário teve um efeito positivo, porque, desde logo, reduziu a interação entre as pessoas e as situações que permitiam maior interação social e maior mobilidade”, lembrou.
Ainda que “nada impeça [o Governo] de repensar” o compasso das medidas, a intenção é manter a rotina do anúncio das decisões de 15 em 15 dias: “permitem alguma estabilidade, permite que as pessoas se vão organizando”. O secretário de Estado
Horas depois de o Chefe de Estado e de o primeiro-ministro terem mostrado uma dessincronização sobre o desconfinamento no país, com Belém a avisar São Bento de que a palavra presidencial sobrepõe-se à do Governo, Duarte Cordeiro acredita que Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa estariam a falar de coisas distintas: “O Presidente da Republica estaria a falar de um confinamento geral, até porque tinha conhecimento das medidas do Governo apresentadas há duas semanas [que previam passos atrás em determinados concelhos]. E não me parece que o Presidente da República estivesse a falar dos horários dos estabelecimentos, se poderiam fechar às 15.30 horas ou à meia-noite”.
Surpreendido com Russiagate
Tendo sido vice-presidente da Câmara de Lisboa, antes de entrar no Governo, Duarte Cordeiro garantiu ainda que desconhecia os procedimentos da autarquia, quanto à cedência de dados pessoais de manifestantes às entidades alvo de protestos.
“Fui surpreendido, como o presidente da Câmara [Fernando Medina], pela forma como os dados são transmitidos naquelas circunstâncias”, disse, confrontado com as notícias sobre o caso Russiagate, em que dados de manifestantes russos terão sido entregues às autoridades russas.
“O Fernando Medina teve uma reação absolutamente adequada, ao admitir o erro, ao corrigi-lo, e espero qeu o esteja a fazer, e ao dar garantias que não volta a acontecer”, concluiu.
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