Levou menos de oito meses a desvanecer-se o encantamento que os passistas sentiam em relação a Luís Montenegro, desde que aquela ala do PSD se assumiu como principal opositora de Rui Rio e viu no líder parlamentar dos tempos da Troika uma esperança de o partido voltar ao poder. Apostados em resgatar Pedro Passos Coelho para a ribalta já em 2024, quando o PSD voltará a ter eleições internas, os antigos apoiantes do atual dirigente laranja criticam a estratégia da direção, que acusam de não saber pôr o pé no turbo num momento em que o Governo da maioria PS mostra uma forte erosão. Nem a recente sondagem, que deu a Montenegro fortes hipóteses de vencer Costa numas hipotéticas eleições antecipadas, levou aqueles sociais-democratas a deixar de reprovar a tática seguida pelo partido – até porque ainda são de má memória as duas sondagens semelhantes, que davam um Rio vencedor, à porta das legislativas de janeiro de 2022.
A verdade é que, se António Costa se vê enredado em “casos e casinhos” e algumas antenas laranjas começam até a sintonizar-se numa frequência emitida a partir da capital, vendo um futuro mais promissor com Carlos Moedas, Montenegro está, há algumas semanas, a mostrar dificuldades em contornar as contrariedades que emanam das próprias fileiras. Após o reaparecimento de Passos, que conta com uma vaga de fundo concertada à espera da bênção de Marcelo Rebelo de Sousa, o líder do PSD viu regressar à praça pública não só Rui Rio – que, através de metáforas no Twitter, vai deixando farpas [“o choque das galáxias obrigará tudo a voltar ao princípio”] – como também Jorge Moreira da Silva, que, em menos de duas semanas, censurou o posicionamento da São Caetano à Lapa face ao Chega e a falta de afirmação do partido como oposição.
