Dois meses depois de ter recebido a auditoria da Inspecção Geral da Defesa Nacional que apontava várias ilegalidades no caso do Hospital Militar de Belém (HMB), João Gomes Cravinho, em fevereiro de 2021, tinha à sua frente um projeto de despacho que iria ratificar todos os atos praticados por Alberto Coelho, o ex-diretor geral, suspeito de corrupção na operação Tempestade Perfeita, e validar a derrapagem financeira da obra. Preparado por um elemento do seu gabinete, o documento, contudo, não chegou a ser assinado pelo então ministro da Defesa, que foi alertado para o risco que correria. Persiste então a dúvida quanto ao motivo que levou o antigo ministro a recusar-se a sanar juridicamente os contratos e a despesa de €3,2 milhões com as obras no HMB, nomeando, entretanto, Alberto Coelho, mesmo sob suspeita, para uma empresa pública.

Vários documentos, a que a VISÃO teve acesso – despachos, informações de serviço e emails –, permitem reconstituir todo o percurso do processo do HMB dentro do Ministério da Defesa e perceber que o então chefe de gabinete Pedro Carneiro acompanhou de perto os esforços do secretário de Estado Jorge Seguro Sanches para obter uma resposta a uma simples pergunta: quanto iria custar a obra?