João Cotrim de Figueiredo reconheceu, no seu último discurso como presidente da Iniciativa Liberal, que podia ter sido um líder mais atento às estruturas do partido. Mas, se pudesse voltar atrás, repetiria o mesmo caminho por acreditar que o seu legado mais importante foi o trabalho que fez em prol dos portugueses. “Crescemos” e “afirmámos-mos”, insistiu várias vezes, perante a VII Convenção Nacional do partido, reunida este fim-de-semana, no Centro de Congressos de Lisboa, para eleger o seu sucessor.
“O que fiz não foi para meu proveito ou conveniência, mas sempre e exclusivamente para o bem da IL. Não sei se todos os críticos podem dizer o mesmo”, atacou Cotrim, que subiu ao palco com duas horas de atraso e – apesar de ter levantado quase toda a plateia, composta por 790 membros (outros 381 assistiam de forma remota) – não foi aplaudido por todos os liberais.
ACHO QUE SÃO INJUSTAS OU ATÉ DESCABIDAS ALGUMAS ACUSAÇÕES QUE ME FIZERAM DURANTE ESTA CAMPANHA INTERNA, EM ESPECIAL VINDO DE QUEM VIERAM. CHAMARAM-ME AUTOCRÁTICO, QUANDO NA REALIDADE ESTIMULEI, ENCORAJEI E DEI OPORTUNIDADES A TODOS OS QUE MOSTRARAM ESTAR FOCADOS NA LUTA PELO CRESCIMENTO DA INICIATIVA LIBERAL E NÃO EM OBJETIVOS PESSOAIS
Cotrim de figueiredo
Durante o discurso, o empresário justificou-se ainda pelo apoio anunciado ao candidato Rui Rocha, que motivou muitas criticas por alegadas tentativas de “viciar” a eleição ; notando que também é membro do partido e que tem direito a partilhar a sua opinião, sem prejuízo de “cada um pensar pela sua própria cabeça”.
“Nem tudo foi um mar de rosas” desde que tomou as rédeas do partido, em 2019, assumiu Cotrim. Todavia sai “orgulhoso” do seu trabalho e do da sua equipa. Tendo destacado o impacto da IL no debate sobre “o crescimento económico” (especialmente na defesa da taxa única de IRS); no decreto de lei da despenalização da morte medicamente assistida; na discussão sobre a TAP e na defesa da liberdade dos portugueses durante os confinamentos causados pela pandemia; bem como na oposição feita ao Partido Socialista.

Cotrim considerou que a IL tem feito a “oposição mais inteligente” ao Governo, atacando o Executivo pelas 13 demissões e pelos casos que têm enfraquecido vários ministros e secretários de Estado, nomeadamente, o responsável pela pasta das Finanças, Fernando Medina. “Não sabe de nada, mas esse também nunca sabe de nada, está sempre distraído. […] Nesse aspeto daria um ótimo sucessor de António Costa, que também é especialista a sacudir água do capote”.
“É boa altura para dizer ao primeiro-ministro que a IL está aqui para continuar a dar motivos para se irritar: habitue-se!”, provocou, numa alusão à expressão (“habituem-se!”) usada por Costa em entrevista à VISÃO n.º 1554, publicada em dezembro.
