O primeiro teste público dos candidatos à liderança da Iniciativa Liberal, dias depois da surpreendente (para alguns) demissão de João Cotrim de Figueiredo, revelou que pouco ou quase nada distingue a visão dos dois deputados para o País e o tipo de oposição que querem fazer ao PS. Rui Rocha tem uma presença mais discreta, Carla Castro tem um tom mais combativo, mas a mensagem resume-se ao mesmo – é o que se pode retirar das intervenções de ambos no debate na generalidade do Orçamento. Já sobre o que pensam da vida interna do partido – que tem, pela primeira vez, dois candidatos à liderança, desde que foi criado, em 2017 –, a conversa é outra. Rui Rocha representa um espírito de continuidade, enquanto Carla Castro põe a nu fendas internas e quer protagonizar alterações estatutárias.
Na cúpula do partido, tudo foi feito para garantir que o ainda líder era substituído por Rui Rocha, adianta um dos elementos da Comissão Executiva, composta por 25 liberais. Há, pelo menos, um mês que Cotrim havia tomado a decisão de abandonar a liderança, um ano antes do final do mandato, e comunicou-a ao seu círculo mais próximo, de onde saiu o nome do deputado Rui Rocha – praticamente a única opção viável. Sendo benéfico que o presidente do partido tenha lugar na Assembleia da República (como se tem visto pelo exemplo do PSD de Luís Montenegro, que precisa de procurar alternativas constantes ao espaço mediático que não tem no Parlamento), a escolha seria entre sete deputados. Três deles, de fácil exclusão: o líder parlamentar, Rodrigo Saraiva; Carlos Guimarães Pinto, que, desde que deixou a presidência da IL, prometeu não se intrometer mais na condução do partido; e Carla Castro, que tem mostrado divergências com Cotrim e Saraiva nas reuniões do grupo parlamentar.