António Costa trouxe anúncios na manga para o primeiro debate do Estado da Nação desde que os socialistas governam com maioria absoluta. Para contrapor com um diagnóstico de crise económica e em vários setores, como o da saúde ou o da proteção civil, o primeiro-ministro aproveitou a sua intervenção inicial no debate, que durará cerca de quatro horas, para anunciar a entrada em vigor da gratuitidade das creches para as crianças que iniciem este ciclo em setembro (medida inscrita no Orçamento do Estado para 2022). Acrescentando ainda que, no mesmo mês, será “adotado um novo pacote de medidas para apoiar o rendimento das famílias e a atividade das empresas”, sem que as tenha concretizado.
O governante guardou estas promessas para um debate que acontece num contexto de vários desafios para o Executivo, como admitiu António Costa. Da pandemia de Covid-19, para a Guerra na Ucrânia, que fez disparar os preços dos produtos e dos serviços, à crise das Urgências fechadas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), à sobrelotação do Aeroporto de Lisboa e a uma semana com temperaturas elevadas, que colocou o país em estado de alerta por causa dos incêndios, o chefe de Estado acrescentou a crise política, “que verdadeiramente só terminou há três semanas”, com a entrada em vigor do Orçamento do Estado para 2022.
O cuidar da emergência não nos pode desfocar da nossa responsabilidade de construir o futuro
António Costa
Perante este cenário, Costa assumiu que “ao discurso do caos compete ao Governo responder com ação”, garantindo que o Estado está a trabalhar para colmatar ou reduzir os efeitos dos problemas enunciados acima. Tendo já reduzido “3,7% o preço da eletricidade”; diminuído a carga fiscal sobre os combustíveis e o “tempo médio de desembarque dos voos não Schengen”; aprovado o Estatuto do SNS e um diploma que dá autonomia aos hospitais para contratarem profissionais.
“O cuidar da emergência não nos pode desfocar da nossa responsabilidade de construir o futuro”, continuou Costa, apresentando como exemplo de objetivos estruturais dos socialistas a melhoraria do equilíbrio demográfico, da inclusão e da redução das desigualdades; uma aposta na digitalização, na transição climática e o investimento num país competitivo externa e internamente.

Na abertura do debate do Estado da Nação, Costa disse ainda que, apesar dos confrangimentos, acredita que Portugal “está no bom caminho”. E a melhor prova disso serão as previsões da União Europeia que colocam o país como aquele que deverá revelar o maior crescimento económico da zona Euro e as estatísticas do desemprego, reveladas hoje, que indicam que junho “teve o melhor registo dos últimos 20 anos”, indicou o primeiro-ministro, que estabeleceu como meta “retirar Portugal da lista dos países mais endividados”.