No terreno desde o primeiro minuto em que Rui Rio começou a abrir a porta de saída (no rescaldo das Legislativas de janeiro), Luís Montenegro reunia o apoio da maioria das estruturas concelhias e distritais. Duvidas persistiam, no entanto, sobre se tinha também consigo os militantes. Teve. O antigo deputado e líder da bancada parlamentar social democrata entre 2011 e 2017 será o próximo presidente do partido.
Foi eleito, este sábado, com 72% dos votos, de acordo com os dados disponibilizados pelo PSD, e toma posse no Congresso marcado para 1,2 e 3 de julho, no Porto. Já o seu adversário, Jorge Moreira da Silva, antigo ministro do Ambiente de Passos Coelho, contou com 28%. O fosso entre os dois (em termos de percentagem) é o maior de sempre em atos eleitorais internos do partido.
Luís Montenegro destacou-se pelas suas capacidades oratórias, com um discurso combativo. Foi deputado do PSD durante 16 anos, seis dos quais líder da bancada parlamentar; tendo sido o social democrata que ocupou este cargo durante mais tempo. Foi ainda vereador da Câmara Municipal de Espinho (1997 a 2011) e presidente da Assembleia Municipal de Espinho (2009).
Esta foi a segunda vez que o advogado portuense de 49 anos se candidatou à liderança “laranja”. A primeira foi em janeiro de 2020, quando perdeu para o ainda presidente Rui Rio. Não sem ter obrigado o vencedor a uma inédita segunda volta nas diretas do partido (Miguel Pinto Luz, o terceiro candidato, ficou pelo caminho), em que Montenegro obteve 47% da votação.
B.I do vencedor

Luís Montenegro
49 anos
Local de nascimento: Porto
Formação e Profissão: Licenciado em Direito, advogado
Família: Casado e com dois filhos
Signo: Aquário
Religião: Católico
Clube de futebol: Futebol Clube do Porto
Cargos exercidos: Deputado; líder da bancada parlamentar; presidente da Assembleia Municipal e vereador na Câmara de Espinho; deputado na Assembleia Metropolitana do Porto
Principais referências: Aníbal Cavaco Silva, Pedro Passos Coelho e, a nível internacional, Margaret Thatcher e Barack Obama
Posição sobre a eutanásia: Defende um referendo, mas é tendencialmente contra a eutanásia
Principais ideias políticas: Taxa máxima de IRS de 15% até aos 35 anos; “IRS negativo”; criação de uma agência anticorrupção e outra para as migrações; reforma da Justiça; investimento nas Forças Armadas e Segurança.
“Movimento Acreditar”
Luís Montenegro assumiu, durante a campanha, que uma das suas prioridades será a criação do “Movimento Acreditar”, cujo objetivo é reunir contributos de militantes e independentes para o programa eleitoral das legislativas de 2026, que o advogado do Porto quer pronto e divulgado em 2024.
Na sua moção estratégica, antecipou medidas para os jovens, como um IRS máximo de 15% até aos 35 anos; para os trabalhadores no limiar da pobreza propõe uma “subida sustentada do salário mínimo” ou a criação de um “IRS negativo”. Recupera a promessa de um médico de família para cada português e o alargamento do vale-cirurgia às consultas e aos exames; além de defender a neutralidade carbónica antes do prazo (2050), a criação de uma agência anticorrupção e outra para a migração, que agilize o acolhimento de imigrantes disponíveis para suprir falta de mão de obra. Revela-se mais conservador em temas como a eutanásia e a regionalização, em que defende referendos. Pessoalmente, votaria contra.