Os líderes da União Europeia (UE), reunidos em Bruxelas, optaram hoje por manter o diálogo político com a Turquia perante as investidas ilegais na Grécia e Chipre, mas mantiveram aberta a hipótese de aplicar novas sanções a Ancara.
“Chegámos a acordo sobre uma abordagem de duplo sentido para a Turquia: queremos dar uma oportunidade ao diálogo político, mas em caso de novas provocações, utilizaremos todos os instrumentos à nossa disposição”, declarou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
Falando em conferência de imprensa no final do primeiro dia desta cimeira extraordinária dedicada à crise no Mediterrâneo oriental, o responsável notou que os chefes de Governo e de Estado da UE optaram, em vez de avançar com sanções a Ancara, por uma “dupla estratégia” onde, ainda que “haja uma oportunidade para o diálogo e uma tentativa de progredir para uma maior estabilidade e previsibilidade, se insiste também na “firmeza nos princípios e valores” da UE.
Caso Ancara “continue a violar o direito internacional”, Charles Michel adiantou que “a UE não hesitará em utilizar todos os meios” para pôr termo ao que qualificou como “ações unilaterais”.
Posição semelhante manifestou a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, que afirmou aos jornalistas que a UE “quer uma relação positiva e construtiva com a Turquia”, mas que está disposta a aplicar sanções “caso as provocações não terminem”.
“Queremos uma relação construtiva e positiva com a Turquia, e consideramos que isso também seria do interesse de Ancara, mas temos consciência de que tal só funcionará se as provocações terminarem”, disse a líder do executivo comunitário.
Ursula von der Leyen considerou também que podem ser dados passos para uma “nova relação entre a UE e a Turquia”, baseada numa agenda de “modernização da União Aduaneira, que aumentará o comércio”, mas também uma “maior cooperação relativamente à migração tendo como base o acordo estabelecido em 2016”.
Elogiando a abertura de diálogo entre a Grécia e a Turquia, em conversações bilaterais para tentar amenizar as tensões, a presidente da Comissão Europeia lamentou que “tal não tenha acontecido com Chipre” ainda.
Ursula von der Leyen assegurou também que “ninguém conseguirá criar barreiras” entre a UE e os seus Estados-membros.
As tensões entre Ancara e Atenas e Nicósia têm vindo a subir de tom devido às perfurações ilegais turcas nas zonas económicas especiais da Grécia e do Chipre, reclamadas pela Turquia.
No final de agosto, a UE avançou com sanções contra indivíduos ligados a estas perfurações ilegais, punições vistas na altura como tímidas, mas admitiu logo aí reforçar as medidas restritivas.
O segundo dia desta cimeira extraordinária arranca pelas 09:30 (hora local, menos uma em Lisboa) com um debate sobre o mercado único, a transformação digital e a política industrial da UE.
TEYA/ANE