José Manuel Pureza criticou esta quinta-feira, 20, as “manobras políticas oportunistas” dos partidos que, quando estavam em “maioria” no Parlamento, não avançaram com um refendo à eutanásia. Na apresentação da proposta do Bloco de Esquerda para a eutanásia – uma das cinco que esta tarde vão a votos, e que terão todas o voto favorável do partido –, Pureza defendeu que a “decisão livre e serena” dos deputados “não pode ser condicionada” por “chantagens emocionais”.
O deputado do Bloco de Esquerda recuperou as palavras de João Semedo. Há dois anos, quando foram chumbados os projetos que descriminalizavam a eutanásia, o ex-deputado bloquista (que viria a morrer poucos meses mais tarde) defendia que o direito à antecipação da morte é “a mais humanitária e democrática opção que podemos aprovar para o final da vida”. E conclui: “João Semedo tinha razão.”
Pureza recorda os “pontos fundamentais” do diploma apresentado pelo Bloco – entre a intervenção de dois médicos, a vontade expressa do próprio doente, a situação clínica irreversível, entre outros – e, recordando o “debate profundo e exigente” à volta deste tema, concretiza: “Agora, é o tempo de decidir.”
No momento dessa decisão, o deputado afasta “fantasmas de rampas deslizantes” (pela ideia de que os atuais projetos abrem a porta a formas mais universais de antecipação da morte) e assegura o partido “considera todos esses cenários, como tem de considerar, como crimes”.