Cinco procuradores do Ministério Público (MP) e uma centena de inspetores e peritos da PJ fizeram esta terça-feira, 25, buscas em vários locais nas zonas da Grande Lisboa, Algarve, Porto e Santarém, e detiveram oito pessoas – o diretor da Polícia Judiciária Militar, coronel Luís Augusto Vieira, três responsáveis da PJM, três elementos do núcleo de investigação do Destacamento de Loulé da GNR, e um suspeito civil, os quais serão presentes a um juiz de instrução criminal, para aplicação das medidas de coação. No epicentro deste inquérito está o roubo de armas dos paióis militares de Tancos, em fins de junho de 2017. Mas a apelidada “Operação Húbris” concentra-se, por agora, no episódio do reaparecimento das armas, numa madrugada chuvosa de outubro do ano passado, num sítio ermo da Chamusca. Não está fora de hipótese, porém, a possibilidade de estes suspeitos se encontrarem envolvidos no desaparecimento das armas de Tancos, diz à VISÃO fonte ligada à investigação.
Segundo a mesma fonte, tudo começou com informações contraditórias sobre o episódio da descoberta das armas numa valeta rodeada de canaviais, na Chamusca, na tempestuosa madrugada de 18 de outubro de 2017. Primeiro, conta aquela fonte, a PJM disse que tinha recebido um telefonema anónimo para alertar sobre o paradeiro das armas. “Logo isso não era verosímil”, acrescenta. “Não é ligar para o INEM, nem sequer ligar para a polícia. Era ligar para a PJM às três da manhã.”
Depois, numa segunda versão, a descoberta das armas foi apresentada como o resultado de uma investigação da PJM – quando o caso, nesta fase, já tinha sido delegado na PJ, nota a fonte ligada à “Operação Húbris”. E houve ainda uma terceira versão, de acordo com esta fonte: a PJM “fez crer que o problema estava resolvido e que tinha encontrado o material todo”. Afinal, se no início se disse que até havia material a mais, tirando a falta de 1 500 munições de 9mm, o Exército reconhece agora que há mais granadas e explosivos por recuperar.
O que o DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal), do MP, e a PJ averiguam na “Operação Húbris” é o que “está por trás do que parecia ser ‘uma grande trapalhada’, e que depressa se percebeu que não era distração, mas intencional, uma ‘guerrilha corporativa’ para evitar que a Judiciária pudesse ter alguma possibilidade de chegar aos autores do roubo das armas de Tancos”, explica a fonte citada. “Era possível, entre a PJ e a PJM, esclarecer o que se passou em Tancos”, diz. Mas agora a guerra está declarada – publicamente.