“Tenho muita dificuldade em saber o que é hoje a extrema-esquerda”, diz Ferro Rodrigues, a propósito dos partidos que apoiam o Governo do PS. “O eleitorado já não vai em promessas irrealistas”, defende. Na semana em que completa dois anos como segunda figura do Estado, o presidente do Parlamento olha com expectativa para o realinhamento, prometido por Rui Rio e Santana Lopes, do PSD ao centro. “Será que isso vai alterar a política de alianças dos sociais-democratas?…”
Eduardo Ferro Rodrigues, 67 anos, recebeu-nos no Salão Nobre do Parlamento, para uma hora de entrevista. A relação inicialmente difícil com os deputados do PSD e CDS, os méritos e fragilidades da governação, o relacionamento com o Presidente da República, o caso Sócrates, os incêndios de Pedrógão e os de 15 de outubro e o futuro da “geringonça” foram abordados por alguém que despertou para a política durante as cheias de 1967. Paralelismo com as falhas do Estado, em 2017? “Não diga isso. Evoluímos muito, desde então.”
Sobre o caso de Tancos, embora sendo “grave”, Ferro destaca que “teve aspetos altamente cómicos, mas “vai ter de se apurar quem promoveu, realmente, esta situação e quem ganhou com ela”.
O presidente da AR não encontra paralelismos entre o processo Casa Pia, que tanto afetou o PS quando liderava o partido, e o Processo Marquês, que envolve José Sócrates. E diz que os partidos europeus congéneres do PS “parecem ter sucumbido numa espécie de desastre ecológico”.
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