O período de reflexão de Passos Coelho já terá chegado ao fim e tudo aponta para a sua saída de cena, uma decisão que aliás jà comunicou à Comissão Política do partido. Hoje, pelas 21h00, está agendado o Conselho Nacional do PSD e o adeus de Passos Ceolho à liderança laranja deve ser transmitida ao núcleo duro do partido. Depois do péssimo resultado alcançado na noite eleitoral, o presidente do PSD tinha anunciado que iria ponderar a sua recandidatura. Os alarmes soaram de imediato e as hostes sociais-democratas aguardam o anúncio oficial da decisão ansiosamente. Uns mais do que outros. Há motores que se afinam, prontos para arrancar. Rui Rio já está na pole position. Quem podem ser os seus adversários?
Rui Rio
Já não é a primeira vez que o ex-autarca do Porto se perfila como putativo candidato a líder do PSD. Da primeira vez hesitou e recusou avançar apesar do apoio que vários militantes manifestaram. Chegou a ser ainda uma hipótese para a corrida a Belém. Adiou a decisão e perdeu a oportunidade de avançar na altura certa. Voltou a recuar e ficou-se pelo rótulo de ex-possível-futuro-candidato. Mas desde então que tem corrido o país de norte a sul – e também chegou a ir às ilhas – para recolher apoios para um candidatura à presidência do PSD. Dois anos depois de ter iniciado o périplo e na ressaca de um resultado eleitoral que atirou Passos Coelho para uma reflexão sobre o seu futuro à frente dos sociais-democratas, a oportunidade apresenta-se à sua frente mais límpida do que nunca. Ontem mesmo reuniu-se com barões do partido em Azeitão. Os apoiantes de Rio não lhe perdoarão se ele negar a chamada pela terceira vez. A candidatura está pronta há muito tempo e o anúncio deve acontecer antes do final da próxima semana.
Luís Montenegro
Em entrevista ao Expresso, a 15 de julho deste ano, Luís Montenegro disse que, depois de ter liderado a bancada laranja no parlamento durante seis anos, tinha ganho “o direito de poder estar no futuro do PSD”. É o próprio que não põe de parte a hipótese de vir a ser presidente do PSD. No entanto, o social-democrata dificilmente avançaria contra Passos Coelho. Sem o atual líder na corrida, Montenegro pode aproveitar a oportunidade para ir à luta. Pela frente terá um veterano – Rui Rio. Será que avança?
Paulo Rangel
O eurodeputado há muito que é visto como uma das possibilidades para suceder a Passos Coelho na liderança do partido. Foi seu adversário nas eleições diretas em 2010 e apesar da derrota nunca ficou de parte uma nova candidatura. Em meados de julho, o ex-dirigente social-democrata Marques Mendes disse, no seu espaço de comentário na SIC, que Rangel “tem estatuto e qualidade” para ser candidato e adiantou que se “não o for agora corre o risco de já não o voltar a ser no futuro”. Com isso em mente ou não, certo é que o eurodeputado laranja desmarcou toda a sua agenda de hoje para poder viajar para Lisboa – estava em Estrasburgo – e assim estar presente no Conselho Nacional do PSD.
Miguel Pinto Luz
O vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais foi um nome avançado por Miguel Relvas, numa entrevista ao Expresso, publicada a 16 de setembro. Pouco conhecido do grande público, o ex-líder da distrital lisboeta é tido como um quadro válido no seio do partido. Sobre o facto de Miguel Pinto Luz ser um militante pouco mediático, Relvas lembrou que também Passos Coelho o era antes de avançar e conseguiu não só vencer o partido como derrotar José Sócrates e assumir a chefia de um Governo. Pode ser ainda cedo para uma candidaura à liderança, que até pode não estar nos planos de Pinto Luz. No entanto, é um nome que não se pode descartar.
Pedro Duarte
Crítico de Passos Coelho, Pedro Duarte é tido como um dos possíveis candidatos a substituir o líder social-democrata. Num artigo que assina na edição de hoje do Público, o candidato do PSD à Assembleia Municipal do Porto diz temer que o partido “entre numa disputa, infantilizada e impercetível aos olhos dos portugueses, em torno de rostos”, defendendo que os sociais-democratas deviam discutir antes as questões de estratégia. Nesta crónica, o ex-líder da JSD volta a criticar o estilo de liderança de Passos Coelho e sugere a marcação de um congresso para uma data anterior à das eleições diretas. Para Pedro Duarte a discussão em torno de possívei sucessores não deve ser tida já. Mas quando o for, será ele um dos nomes sobre quem se falará?