O presidente cessante do CDS-PP, Paulo Portas, foi este sábado aplaudido de pé pelo Congresso do partido, despedindo-se em lágrimas da liderança, e afirmando que especulações sobre o seu futuro a seis meses ou dez anos são “atrevimento”.
“Não se preocupem com a pergunta ‘o que é que ele vai fazer daqui a dez anos’. No mundo em que nós vivemos qualquer especulação superior a seis meses é no mínimo atrevimento”, afirmou Paulo Portas, numa referência ao calendário eleitoral para a Presidência da República.
Emocionado, com o Congresso de pé, Paulo Portas terminou a sua intervenção dirigindo-se à candidata à liderança Assunção Cristas, afirmando que muitos portugueses esperam da ex-ministra da Agricultura que seja “um par de mãos seguras para tratar bem de Portugal”.
Portas, referiu-se à “transição ordenada” para Assunção Cristas e defendeu que existe uma “pax centrista que é invejável”, recomendando que não percam demasiado tempo a discutir lugares.
“Foi uma agradável surpresa: uma transição ordenada, sim, mas sem quebra de espontaneidade. Uma sucessão natural, sim, mas com exemplos magníficos de renúncia em nome do todo e de sentido de equipa pelo bem comum”, afirmou Paulo Portas, numa referência a Nuno Melo, que não se candidatou à liderança, à qual Assunção Cristas se apresenta como única candidata.
Na sua despedida da liderança, perante o 26.º Congresso, em Gondomar, Paulo Portas, 53 anos, afirmou: “Respira-se uma espécie de ‘pax’ centrista, que é invejável, garanto-vos”.
O líder cessante do apelou aos eleitores que preferem o CDS mas que costumam votar útil no PSD que deixem de ter medo de votar “na sua primeira escolha” porque o sistema partidário mudou desde as últimas legislativas.
Depois de ter deixado um agradecimento ao líder do PSD, Pedro Passos Coelho, e ex-parceiro da coligação, Paulo Portas não hesitou no seu discurso perante o 26.º Congresso do CDS-PP que decorre em Gondomar, e que marcará a sua saída do partido, em apelar ao voto dos que tradicionalmente escolhem o PSD nas urnas.
“Aos eleitores de centro-direita (…) que se reconhecem mais nas ideias do CDS, mas nos últimos dias [antes das eleições] deixam a sua primeira escolha e migram para a segunda escolha, com medo, digamos francamente, que o PS ganhe ao PSD, esse medo deixou de ter razão de ser”, afirmou.
Ataque aos “syrizinhas”
O líder do CDS-PP, Paulo Portas, acusou o BE, que chamou de “syrizinhas de cá” de falharem o apoio à Grécia, perante a possibilidade de o parlamento português não conseguir aprovar os compromissos internacionais inscritos no Orçamento.
De acordo com a manchete de hoje do jornal Público, o parlamento português está em risco de chumbar as ajudas à Grécia e à Turquia, inscritas no Orçamento, e noticia que o PSD já anunciou que vota contra.
“Mas então nós perguntamos, não nos andaram a azucrinar com o lindo que era o Syriza, não andaram a intrujar o povo com a ideia de que o Syriza era o fim da longa noite da austeridade da Europa?”, questionou Paulo Portas, no seu discurso perante o 26.º Congresso do partido, que decorre em Gondomar (Porto) até domingo.
As críticas ao primeiro-ministro socialista e à “geringonça” da esquerda parlamentar que apoia o Governo foram, aliás uma constante de toda a manhã, sendo renovadas no 26.º Congresso do CDS-PP, que decorre em tom de “nostalgia” pela sucessão do presidente, e com direito a “abraço” espanhol.
O líder parlamentar democrata-cristão, Nuno Magalhães, protagonizou o ataque a “quem governa e perdeu, e bem e por muito, as eleições [legislativas]”, com a “quebra de todas as tradições e costumes constitucionais e parlamentares”, face a “quem ganhou nas urnas, mas perdeu na secretaria”.
“Agora somos oposição de um Governo de coligação negativa. A única coisa que os une parece ser a avidez do poder pelo poder”, lamentou, referindo-se a PS, BE, PCP e PEV, acrescentando que “o programa de Governo passou a ser uma manta de retalhos, um mínimo denominador comum” e o próprio Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, “passou a ser quem beneficiou de uma maioria oportunista e de conjuntura”.