Uma edição original de Descartes. Uma granada de gás lacrimogéneo do Estado novo. Um Churchill de época do Bordalo Pinheiro. Atas secretas do PPD. Livros e artefactos políticos de 102 países. Papagaios japoneses contra a presença americana em Okinawa. Cartazes maoistas do Nepal. Documentos do FBI sobre o PC americano. O arquivo da Censura. Cartas, fotografias, filmes, autocolantes e bandeiras. Ah, e 200 mil livros e centenas de milhares de documentos em cinco quilómetros de prateleiras. A biblioteca de Pacheco Pereira é o País das Maravilhas que Lewis Carroll não descreveu
Primeiro impacto: esta bem podia ser a ideia para uma das salas do Paraíso. Sentamo-nos num sofá de frente para o anfitrião, instalado na sua poltrona.
Por detrás, sente-se a respiração de um bom milhar de volumes antigos, nas suas lombadas de couro. Esmaga-nos o peso das primeiras edições de Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Almada Negreiros…
Uma do filósofo Francês René Descartes. Penso, logo insisto: “Quantos livros estão nesta biblioteca?” José Pacheco Pereira, 66 anos, faz um ar desprendido: “Ah, cerca de 200 mil…” Pois. Bem nos tinham dito que, entre livros, arquivos, panfletos, ficheiros, cartazes, fotografias, espólios e materiais diversos, o acervo da Marmeleira ocupa o equivalente, em linha reta, a cinco quilómetros de prateleiras.
Quer dizer que esta sala é apenas um hors-d’oeuvre. A ideia repete-se nas três horas seguintes, de cada vez que paramos a folhear uma curiosidade, uma preciosidade, ou a observar uma peça rara.
Temos de fotografar isto. “Não percam tempo… Ainda não viram nada…” O salão principal da casa de habitação da Marmeleira ou melhor, a tal sala do Paraíso é um espaço amplo, quadrado, mobilado de forma discreta, confortável. Um grande ecrã de plasma transmite as imagens semanais da Quadratura do Círculo, às quintas-feiras à noite, quando, na SIC Notícias, Pacheco Pereira, António Lobo Xavier e Jorge Coelho, com moderação de Carlos Andrade, debatem os grandes temas da semana. O pé-direito do salão, cumulado num teto em pirâmide, como se fosse uma claraboia antiga, seguro por toscos mas bem cuidados barrotes de madeira, permite a considerável altura das estantes que forram, por completo, as paredes. São milhares de livros, mas são apenas aqueles que o proprietário gosta de ter mais à mão.
Por baixo das prateleiras de honra, onde se acotovelam edições antigas que começam no século XV, três ou quatro degraus conduzem-nos a uma galeria, por onde iniciaremos a viagem às entranhas da Biblioteca e Arquivo Pacheco Pereira. Não se percebe bem onde termina a casa de habitação e começa o arquivo propriamente dito.
É uma osmose. O proprietário vive no meio dos papéis, por onde passa longas horas de vigília. Mas, volta e meia, também dorme entre eles, numa enxerga estrategicamente colocada no pavilhão mais recente, para uma sesta ou uma noite de trabalho mais prolongada, em que prefere não “ir a casa”… Já veremos onde nos leva aquela escadinha, por baixo das encadernações em couro: ao País das Maravilhas. Na pele de Alice, vamos correr na máxima velocidade, sem que tenhamos a sensação de sair do mesmo sítio. E como o coelho da obra de Lewis Carroll, murmuramos, perante a imensidão da coisa: “Estou atrasado… Estou atrasado de mais…” Precisávamos de uma semana para ver tudo.
Atas do Bloco Central
Pacheco Pereira é um coletor compulsivo. E faz aquilo por profissionalismo e… carolice. As pessoas enviam-lhe coisas. “Sou especialista em mortes e divórcios…”, ironiza. Por essa via, de facto, aparecem espólios interessantes: papéis, arquivos, livros, estampas, gravuras, recortes, recordações que as famílias já não querem ou de que já não precisam. E há outros espólios, como o de Sá Car- neiro, Victor Crespo (antigo presidente da AR) ou Silva Cunha (ex–ministro de Salazar); ou bibliotecas como as de Emídio Rangel ou do “Chico da CUF” que estão ali melhor guardadas, aproveitadas e disponíveis. Esta semana mesmo, recebeu o espólio do militar de abril Sousa e Castro: “São documentos essenciais, relatos de reuniões do Conselho da Revolução, papéis sobre a fundação do PRD, correspondência dos anos 60 entre Kaúlza de Arriaga e o então governador de Moçambique, Baltazar Rebelo de Sousa [pai de Marcelo Rebelo de Sousa]!” Depois, ele próprio recolhe. Coleciona. Compra. Graças à sua permanente atenção, o arquivo da Censura não foi parar aos EUA.
“E há uns tipos que vendem coisas…”, sugere, enigmaticamente.
Gasta dezenas de milhares de euros por ano a recolher o que outros enviariam para o papelão. Já entrou em sedes do Bloco de Esquerda, perante o espanto dos seus ocupantes, para pedir panfletos.
É capaz de se encontrar no arquivo a ementa de algum jantar de campanha de Ramalho Eanes. Ou de Ronald Reagan.
Guarda tudo. Arquiva. Digitaliza. “Recebo um metro e meio de material por semana”, conta. Tem cerca de 150 voluntários a procurar coisas, no terreno. Na última manifestação dos sindicatos da Administração Pública, recolheram panfletos e cartazes, comunicados, emblemas. Tem faixas artesanais dos “indignados” e material do movimento Anonymus. Vai tudo lá parar. “Os caixotes entram por esta porta”, explica, enquanto aponta para duas caixas acabadinhas de chegar. “Faço aqui a triagem. Sobem aquelas escadas e, depois, vão para digitalizar”. E quem carrega os caixotes? Pacheco Pereira. E quem digitalizou as 12 mil e 300 pastas divididas em 8 mil e 800 categorias, disponíveis no blogue do arquivo, o EPHEMERA? Pacheco e um grupo de colaboradores. Está lá tudo.
Livros, arquivos, papéis raros, cartazes, bandeiras, materiais artesanais, cerâmica, pins, fotografias, panfletos, comunicados, múpis, gravuras, outdoors, correspondência de grandes personalidades, documentos que mudaram a História recente do País, como as atas das conversações para a formação do Bloco Central, entre PS e PSD, em 1983. Tudo o que é política ou temas sociais. Há material oriundo de 102 países diferentes. Cartazes maoistas do Nepal. Papagaios japoneses contra a presença americana em Okinawa. Um autógrafo de Deng Xiaoping num livro oferecido a Vítor Crespo.
Numa das salas do arquivo, há uma portada da janela empenada, que teima em fechar-se. Puxa de um enorme rolo para servir de escora e diz: “Põe-se aqui a Marisa Matias.” Com efeito, o rolo é um enorme outdoor de campanha com a cara da então candidata a eurodeputada do Bloco de Esquerda…
Livros barrados com creme Nívea
Chegámos à Marmeleira percorrendo uma estradinha que liga a A1 a Rio Maior, atravessando uma paisagem doce de pomares, floresta, vinhedos e hortas. A vila da Marmeleira tem o charme de uma pequena aldeia oestina encavalitada num cabeço. A Casa, imaculadamente branca, de traça tradicional, junto ao largo da igreja, está encarrapitada num dos pontos mais altos da vila. Já foi escola primária, posto da GNR, casa de lavoura. Recuperada por Pacheco Pereira, tem, à entrada, uma discreta placa metálica com os nomes dos pedreiros e serventes que trabalharam na obra.
Anda-se entre módulos (casa principal, celeiro, adega, armazém) por pequenos espaços ajardinados, em estilo pátio andaluz, com talhas de barro antigas a servirem de floreiras. A brancura das paredes e a tijoleira dos terraços transporta-nos para uma ilha grega… nas faldas da serra dos Candeeiros. A antiga masmorra da GNR está cheia de livros. O celeiro e o lagar de azeite estão ocupados com arquivos e literatura. Numa cave, pejada de prateleiras, arriscamos a heresia: “Também ficava bem aqui uma garrafeira…” “Pois, era a adega”, esclarece o nosso cicerone.
Pacheco Pereira não para. A arrumação, conservação, e tratamento dos materiais é com ele. Sai-lhe do pelo. É ele que carrega os caixotes, escada acima, para a digitalização. É ele que põe, por 48 horas, os livros mais antigos, dentro de sacos, no congelador “perdem os fungos todos” explica. É ele que barra com creme Nívea as encadernações de couro das preciosidades mais antigas.
O Descartes não apanhará um escaldão: “O creme Nívea permite que eles resistam mais 100 anos”. A casa está climatizada e protegida contra as pragas. Não há o risco de as toneladas de papel serem roídas por ratos ou pela traça.
Esta biblioteca não é uma biblioteca. É um arquivo. Este arquivo não é um arquivo. É um centro de documentação. Este centro de documentação não é um centro de documentação. É um gigantesco espólio. Este espólio não é um espólio. É uma exposição.
Esta exposição não é uma exposição. É um museu. Um museu da História do último século e meio, pelo menos. Movimentos sociais e políticos, materiais de propaganda estalinista dos anos 30, documentos originais do Ku Klux Klan, uma coleção internacional de arquivos da extrema-direita, materiais originais, em checo e iídiche, do Holocausto e do campo de concentração de Theresienstadt, coleção de documentos e artefactos da maçonaria, o livro de atas da Federação Socialista de Lisboa de 1888, ou da posterior clandestina União Socialista, do pós-guerra, com notas manuscritas de nomes como os de António Sérgio ou Jaime Cortesão, fotos de um extinto jornal americano sobre Portugal, uma sala a abarrotar de filmes por revelar das ex-colónias portuguesas antes das independências (“sei lá o que está para aí filmado…”), as coleções de 20 mil periódicos, muitos já extintos, de todo o mundo. “Aquele é o espaço dos que ainda existem está ali a coleção da VISÃO”, aponta, entre risos. De um gavetão, situado próximo do local a que chama “hospital dos livros” (onde os volumes mais deteriorados são recuperados), saca de uma coleção de fotos originais autografadas pelas grandes estrelas que passaram pelo Teatro São Carlos, no apogeu da instituição: de Stravinsky a Guilhermina Suggia.
Os relatórios do FBI
Através das coleções, é possível estudar o grafismo de campanhas políticas em todo o mundo, a evolução das palavras de ordem, a iconografia das manifestações. Mas também saber tudo sobre a História de Portugal, através da consulta de milhares de volumes que ocupam um pavilhão apenas dedicado ao tema. Em caixinhas de plástico, para guardar parafusos, das que se vendem nas casas de ferragens, conserva uma imensa coleção de pins de campanhas políticas de países tão diferentes como a Angola de Agostinho Neto, a Rússia de Jirinovski ou a Ucrânia de Yushchenko. Ou uma naïf cabaça esculpida de uma campanha na Guiné-Bissau. No mezzanine onde a História de Portugal convive com um importante arquivo de documentação política, vê-se um primitivo cartaz emoldurado da campanha presidencial de Norton de Matos, de 1949.
A moldura é caso raro no arquivo, visto que a falta de espaço obriga a esconder os milhares de outros cartazes, vindos dos qua- tro pontos cardiais do planeta, em enormes gavetões de maciços armários desenhados para o efeito. Cada um destes posters merecia figurar numa galeria, dentro da respetiva moldura, com direito a foco de iluminação e chapinha identificativa em três idiomas…
Talvez por isso surjam as perguntas: poderá a Marmeleira ser, um dia, uma espécie de santuário internacional de peregrinação de estudiosos, académicos, estudantes universitários ou simples turistas culturais? Este tesouro pode visitar-se? Pode um amante de livros folhear o primeiro Estudo Sobre a Radioatividade, de Rutherford, de 1913? Pode um historiador militar pesquisar informações no Diário da Guerra da Guiné, em tudo o que teve a ver com logística, manuscrito a lápis por um oficial operacional? Será possível a um enólogo observar os primeiros rótulos de vinhos impressos em Portugal? Ou a um antropólogo escarafunchar a correspondência amorosa entre uma costureira e um empregado de escritório na Lisboa dos anos 1935 a 1943? Não será interdito a um historiador especializado no século XX verificar um arquivo militar com cartas de pedidos e fazer uma história da cunha em Portugal? E não seria útil a um sociólogo observar as milhares de fotos originais de revoltas sociais em todo o mundo? E que tal um politólogo bisbilhotar as agendas das audiências de um ministro de Salazar, escritas à mão e de páginas cosidas a linha? Desdenharia um geógrafo dar uma olhada à primeira descrição do Estado da Luisiana?… E que tal um cientista político poder consultar os numerosos relatórios do FBI sobre o Partido Comunista norte-americano, que inclui as descrições das reuniões do respetivo comité central? Ou um colecionador livreiro poder aspirar o cheiro do papel do primeiro dicionário Português-Latim, de 1695? Já agora, não poderia um teólogo decifrar os panfletos originais, em holandês, sobre o movimento da Reforma da Igreja? Ou um académico ver com os próprios olhos os papéis da Reforma Pombalina da Universidade, datados de 1753? E um astrónomo, evitaria tocar no original de Astronomia Popular, do século XIX, de Camille Flammarion? E um historiador do período da guerra colonial, quanto não daria para ler os telegramas cifrados e a correspondência ultramarina do ministro Silva Cunha, cujo espólio ali pode encontrar, nomeadamente as cartas trocadas com o governador militar da Guiné, António de Spínola? Ou um jornalista angolano, para consultar os relatórios originais assinados por Agostinho Neto, para o MPLA, em Portugal, no tempo da ditadura, os documentos do golpe Nito Alves e as posições do PCP sobre o assunto? E quanto não apreciaria um ilustrador ou um estilista copiar os desenhos pintados à mão de uma revista francesa de moda do século XIX?…
“Isto pode visitar-se”, responde Pacheco Pereira. E há visitas periódicas. Gente que quer ver, ou consultar, porque muitas coisas ainda não estão digitalizadas ou, no caso dos objetos, fotografadas para digitalização. Mas as visitas são limitadas, tendo em conta que estamos a penetrar numa residência particular. Não há um guia, nem um audioguia (só o próprioPacheco Pereira), nem uma arrumação profissional e criteriosa. Pacheco sabe onde está tudo, mas sem ele não seria possível encontrar nada. O antigo deputado do PSD dedica muitas horas a arrumar, a catalogar e a conservar, mas é um carola a cuidar de um tesouro documental histórico reunido de forma avulsa. “Quero tornar isto público”, assegura. Doar edifícios e grande parte do acervo e da biblioteca. Para isso, espera uma mudança na legislação das fundações. “Estes tipos entraram a matar contra as fundações e o pequeno fundador perdeu controlo sobre os espólios”, reclama. “Mas a última alteração à lei parece fazer algum sentido, vamos ver”, concede.
Pacheco Pereira detém, entre os 200 mil volumes, toda a coleção das grandes literaturas, entre elas a russa, francesa, alemã, espanhola, italiana, anglo-saxónica ou latino-americana, a maior parte nas línguas originais. Há uma “casa de recortes”, uma prateleira de policiais, uma secção de banda desenhada, milhares de livros técnicos, de comunicação social, astronomia, sociologia, biologia, cinema, teatro, ciências. “Li todos os que há aí sobre física “, surpreende-nos. Há milhares de volumes sobre a História da arte, das religiões, greco-clássica, da América Latina, da Ásia, da Europa, do Reino Unido, da Itália, da Rússia, dos EUA, do Canadá, da Antártida, do Brasil, do Médio Oriente e uma coleção original do Le Petit Larousse, também guardado na sua… Estante original! Há ilustrações, srapbooks, muita matéria documental sobre a emigração portuguesa e as suas atividades políticas, uma coleção de Le Petit Journal. Há tudo sobre a história e evolução política em Portugal desde 1960.
Num cantinho, encontramos o “Inferno”, uma espécie de escrivaninha discreta, fechada a sete chaves, onde a família Pacheco Pereira conservava os livros proibidos. Por exemplo, O Asno de Ouro, de Lucius Apuleio, as Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas, de Bocage, O Capital, de Karl Marx, ou A Porra do Soriano, de Guerra Junqueiro…
O cinzeiro do Valentim
A biblioteca reúne os livros de várias gerações, do bisavô João Gonçalo Pacheco Pereira, ao avô Gonçalo e ao pai Álvaro, todos bibliógrafos. Do avô, herdou uma biblioteca típica de uma casa senhorial do século XIX. Do pai, a coleção de literatura contemporânea.
José mergulhou na História contemporânea e tem documentos únicos a nível mundial; por exemplo, os relativos aos movimentos comunistas e respetivos partidos, como o francês e o italiano. O espaço está dividido em três grandes áreas: uma parte especializada em movimentos sociais, no que se incluem dezenas de milhares de livros. A segunda parte é a do arquivo propriamente dito, integralmente digitalizado e disponível no blogue EPHEMERA. Finalmente, uma zona museológica com objetos relacionados com atividades políticas a nível planetário: cartazes, pins, sacos de plástico, esferográficas, telas, posters, calendários aos milhares, bonés e uma enorme coleção mundial de autocolantes, devidamente catalogados e arrumados em pastas plásticas próprias. “E esta coisa em cone, do Valentim Loureiro, de uma campanha para a Câmara de Gondomar, que eu nunca tinha visto e que parece que é um cinzeiro de praia”, mostra Pacheco Pereira…
Talvez não haja praias em Gondomar. mas é para os lados do mar que o sol já se inclina, quando abandonamos a Marmeleira. Pacheco diz que tem boas relações com a autarquia local (município de Rio Maior) e talvez isso facilite a constituição da futura fundação, como um polo de atração local, para portugueses e estrangeiros.
Mas dificilmente os espaços onde o proprietário é obrigado a encafuar o espólio serão suficientes para albergar, fisicamente, o que merece ser mostrado, com tempo e espaço. Para já, no meio dos livros, Pacheco Pereira evoca a personagem de animação Mr. Peabody, enciclopédia viva a reinar sobre o acervo inanimado, mas bem estimado, em remotas prateleiras e escuros gavetões.
Antes das despedidas, o nosso anfitrião recomenda: “E lembrem-se! Não deitem nada fora!” Ao vê-lo afastar-se de volta para o seu mundo, não posso evitar um pensamento tétrico: o que seria deste homem se uma catástrofe natural lhe destruísse o seu tão querido tesouro? Subitamente, Pacheco Pereira parece estranhamente frágil e indefeso, enquanto se cose com as paredes brancas da rua, protegendo-se do calor do final de tarde. Não é um político, um historiador ou um intelectual. É o guardião de um templo. E está sozinho.
Fica prometido: o bloco de apontamentos desta reportagem vai para o arquivo.