Em comunicado enviado à Agência Lusa, Vítor Escária e Óscar Gaspar confirmam a existência das reuniões em 2005 com responsáveis do Citigroup, entre eles o secretário de Estado demissionário Joaquim Pais Jorge, a pedido dos responsáveis do banco norte-americano, como refere a edição da VISÃO desta semana
Os dois antigos assessores de José Sócrates dizem ainda que nessas reuniões foram “apresentadas propostas de ‘swaps’ com impacto no défice e dívida públicos” e que nessas reuniões “foram recebidas apresentações que, seguindo o procedimento habitual, foram encaminhadas para conhecimento e apreciação do ministério relevante, sem nenhum tipo de recomendação, arquivando-se cópia no gabinete do primeiro-ministro”.
Vitor Escária e Óscar Gaspar sublinham que o Governo “nunca executou nenhuma destas operações” e que “estas ideias nunca foram sequer levadas ao conhecimento do primeiro-ministro”, José Sócrates.
Os dois antigos assessores, que falam pela primeira vez em público desde que na semana passada foram conhecidas as propostas feitas pelo Citigroup, dizem também que respondem agora porque chegou ao seu conhecimento “que o actual Governo distribuiu profusamente pela comunicação social cópia de um memorando” elaborado por estes dois, “na sequência de uma reunião havida com representantes do Citigroup, há oito anos”.
De acordo com documentação enviada hoje pelo actual governo às redacções, Vítor Escária e Óscar Gaspar aceitaram as propostas de “operações de natureza financeira com repercussões no défice”, caso se verificassem dificuldades no final de 2005.
“Foi recebida nesta assessoria a informação anexa relativamente a possibilidades de operações de natureza financeira mas com repercussões no défice, que podem ser ponderadas em caso de dificuldades no final do ano”, assinalavam os assessores económicos de Sócrates, Vítor Escária e Óscar Gaspar, num documento cujo título é “operações financeiras com impacto no défice
As propostas não seguiram em frente pois o IGCP considerou que “a contratação destas operações violaria os princípios de gestão de dívida pública estabelecidos”.
A proposta de ‘swap’ que o Citigroup fez, em 2005, a assessores económicos do Governo PS para baixar o défice orçamental levou Joaquim Pais Jorge a pedir, esta quarta-feira, a demissão de secretário de Estado do Tesouro, cargo que ocupava desde o início de julho.
De acordo com o documento divulgado em primeira mão pela revista VISÃO, Joaquim Pais Jorge constava da equipa responsável pela proposta apresentada pelo Citigroup, banco em que era director.
Num comunicado enviado na terça-feira pelo Ministério das Finanças, o gabinete liderado por Maria Luís Albuquerque disse que o documento que implica Joaquim Pais Jorge nos contratos ‘swap’ foi manipulado e indica que uma das “discrepâncias” é “um organigrama inverosímil, que não consta da apresentação original”.
Apesar disso, na quarta-feira, Pais Jorge apresentou a demissão, afirmando que não tem de se “sujeitar” ao tratamento mediático de que foi “alvo nos últimos dias”.