Alexandra, Sasha e Anna são três dos muitos voluntários que tentam resgatar os que ficaram para trás na Ucrânia. Associados da ZooPatrol, resgatam animais abandonados dos apartamentos onde os seus donos os deixaram quando a guerra começou.
“Todos os dias, mais de dez patrulhas circulam pela cidade. Eles recebem de 200 a 300 pedidos de resgate de animais quase todos os dias”, conta Dima Kornilov, o fotógrafo que acompanha o desenrolar da situação no país.
Como se vê pelas fotografias, “as patrulhas têm equipamentos consigo e fazem aberturas nas portas, para que os saqueadores não tenham acesso às casas, mas para que possam salvar, ou pelo menos alimentar, o animal”, relata. Normalmente, conseguem salvar alguns animais deixando comida e água perto dessas aberturas.
No caso de Anna, o resgate do gato foi um dos mais difíceis que teve. Os donos do animal fugiam “à pressa no dia 24 de fevereiro e não conseguiram encontrar o gato Lenya”, recorda Dima. Durante esse tempo, o gato esteve sem comida. “Viemos duas vezes, mas o vizinho não nos deu permissão para entrar no apartamento e por isso não conseguíamos resgatar o gato”. Mas o dono do apartamento conseguiu enviar as chaves pelo correio, o que demorou nove dias, e conseguiram ajudar o animal. “Felizmente, há quem cuide do gato, a vizinha Natasha. O Lenya ficará com ela até que os donos voltem”, afirma o fotógrafo que assistiu ao resgate.
“O que eu vi são as consequências do mundo do consumo, quando os animais são tratados como coisas, quando os animais não são percebidos como parte de si mesmos, como parte do nosso universo”, lamenta o fotógrafo. “Os animais são nossos filhos que precisam de cuidado e amor, como qualquer criatura viva em nosso planeta”.
Dima Kornilov, é um fotógrafo ucraniano, de 40 anos, que vive em Portugal há quase oito, mas viajou para Kiev dias antes de começar a guerra. Antes, Kornilov já tinha feito a cobertura, para a VISÃO, das manifestações que, no início de 2014, levaram à queda do regime pró-russo.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 780 mortos e 1.252 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,1 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.