O jornalista, cineasta e produtor norte-americano Brent Renaud morreu este domingo, aos 50 anos, depois de as tropas russas abrirem fogo contra o carro em que seguia na cidade de Irpin, arredores de Kiev, em reportagem. O jornalista colombiano Juan Arredondo também ficou ferido e foi transportado para o hospital, referindo, em declarações a uma jornalista, que os tiros aconteceram depois de passarem por um posto de controlo enquanto filmavam refugiados a fugirem do combate. “O meu amigo Brent Reanud foi baleado no pescoço e deixado para trás e separámo-nos”, referiu, num vídeo já partilhado pelas redes sociais.
As primeiras notícias sobre a sua morte revelavam que o jornalista estaria em serviço pelo New York Times, que já veio negar essas informações e acrescentar que Renaud teria colaborado com a publicação, mas que já não o fazia desde 2015. De acordo com o jornal norte-americano, os primeiros relatos de que Renaud estava a trabalhar para o NY Times na Ucrânia circularam porque “foi encontrado com um crachá de imprensa do jornal” que tinha sido emitido há anos para um trabalho.
Danielle Rhoades Ha, porta-voz do jornal, referiu que estavam todos “profundamente tristes” pela morte de Brent Renaud, acrescentando que o jornalista era um “cineasta talentoso”. Já Anton Gerashchenko, assessor do ministro do Interior da Ucrânia, referiu em comunicado que o cineasta “pagou com a vida ao tentar expor” a crueldade do “agressor”. Também Ann Marie Lipinski, curadora da Fundação Nieman, que disponibilizou uma bolsa de jornalismo a Renaud em 2018, escreveu, na sua conta de Twitter, que o jornalista “era talentoso e gentil, e o seu trabalho fundia-se com a humanidade”.
Além de ter colaborado com o New York Times, o cineasta, que trabalhava lado a lado com o irmão, Craig Renaud, realizou trabalhos para a NBC e a HBO, por exemplo, e não era novato nas zonas de conflitos. Os dois estiveram presentes na última década em áreas de guerra e tensões políticas como o Iraque – em 2004, incorporaram-se no Exército dos Estados Unidos e filmaram um ataque aéreo que atingiu uma base militar norte-americana em Bagdad – Afeganistão, Egito e Líbia e cobriram, também, o sismo no Haiti e a violência dos cartéis no México.
Os dois irmãos foram indicados várias vezes a Emmys, prémios que reconhecem trabalhos e profissionais ligados à indústria da televisão, tendo recebido, em 2014, devido a uma série realizada numa escola de Chicago para a VICE News, o Peabody, galardão que atribui mérito a pessoas ou grupos que tenham prestado serviços públicos dignos de distinção.