Harvey Borrington, um menino de três anos que tinha autismo não-verbal grave, morreu no dia 9 de agosto de 2021, na sequência de ferimentos na cabeça infligidos, dois dias antes, pela madrasta Leila Borrington, agora com 23 anos.
Quase dois anos depois, o Tribunal de Nottingham decidiu esta quinta-feira condenar Leila a 15 anos de prisão por ter agredido a criança “várias vezes”, no que o juiz disse ser uma “agressão violenta contínua”.
No dia em que Harvey deu entrada no hospital, a madrasta terá filmado o menino inconsciente no chão, antes de ligar para os bombeiros, e mandou uma mensagem ao pai da criança, que estava no cinema, a dizer: “Porque é que isto acontece comigo?”. O vídeo, filmado com o telefone de Leila, mostrava-a a pegar no braço esquerdo da criança, levantando-o e deixando-o cair livremente no chão.
Quando os paramédicos chegaram, Leila alegou que o menino tinha caído do sofá. De acordo com a emergência médica, os paramédicos encontraram Harvey “profundamente inconsciente” e com “postura corporal anormal”. Em tribunal, soube-se que a madrasta já tinha agredido Harvey duas vezes nos quatro meses antes de sua morte, o que o deixou com um braço partido e marcas no rosto.
O especialista Jonas Hankin KC afirmou, durante a audiência, que a idade e a deficiência de Harvey o tornavam vulnerável, o que é um fator agravante. “Ele era gravemente autista não verbal”, explica. “O seu comportamento desafiador exigia uma maior empatia e gentileza dos seus cuidadores. Isso não pode justificar a ofensa do réu de forma alguma”. Segundo o especialista, a criança só comunicava por meio de gestos com as mãos e poucas palavras, porque era incapaz de articular quando estava com dor.
“O que aconteceu exatamente com Harvey só você sabe, mas, pelo veredicto, o júri tinha certeza de que o discurso de Harvey ter caído, batendo a cabeça no chão, não era a verdade ou pelo menos não toda a verdade”, afirmou o juiz Nicklin, que condenou Leila.